Poucos diretores conseguem ser aclamados pelo lado mais cinéfilo do cinema e aquele lado mais pipocão, pouquíssimos, menos ainda conseguem uma carreira tão longa e sólida (HÁ CONTROVÉRSIAS) também, Scorsese conseguiu os dois, mas apesar disso não conseguiu ganhar mais Oscars do que a Billie Eilish. (fatos: Billie tem dois Oscars, enquanto o Scorsese só ganhou o Oscar de melhor diretor uma única vez por The Departed (2006) em 2007, que coisa).
Scorsese foi um desses grandes diretores do "cinema autoral" dos anos 70 que foi completamente sugado pela máquina hollywoodiana, quem conhece o véio por filmes como Goodfellas (1990), Cassino (1996), The Wolf of Wall Street (2013) e outros sucessos e flops (cof cof o Irlandes) mais recentes toma um susto ao descobrir que seus filmes mais antigos são mais esquistos. Mais 'conceituais' e com menos histórias de encher os olhos, é o caso de Taxi Driver (1976) e o filme aqui resenhado, Ragging Bull (1980).
E na boa, esses são os melhores filmes do Scorsese, nao os sobre máfia ou cheirar cocaína, isso nem é um take tão quente assim, como dizem os jovens. Deve ser consenso nas bandas mais cults.
Pois bem, essa esquisitice do Scorsese tem nome e sobrenome: Paul Schrader, um exepcional roteirista que está por trás do Travis Bickle e Jake La Motta (dos filmes que citei) e ainda trabalhou com o Scorsese naquele catolicamente estranho filme com o Willem Dafoe como Jesus, The Last Temptation of Christ (1988), aquele mesmo que o David Bowie faz o Pilatos. Porra que filme hein.
O último trabalho dessa enorme dupla de sucesso tem também aquele Bringing Out the Dead (1999) com o Nicolas Cage, acreditem se quiser, o Nicolas Cage* já fez um filme com o Scorsese e o Paul Schrader!
*Aliás vocês sabiam que desde de sua estreia no cinema (Fast Times at Ridgemont High em 1982) o Nicolas Cage lançou filmes TODO ANO menos em 1985? Na verdade Birdy seria lançado em 1985, porém o estúdio decidiu pelo lançamento limitado em dezembro de 1984 para ver como iria se sair. Por isso ele não lançou um filme em 1985. São longos 42 anos de carreira.
Outra linha de rodapé que o Schrader também é responsável por dois filmes que gosto bastante, American Gigolo (1980) e Mishima: A Life in Four Chapters (1985), ambos como diretor.
Apesar do Martin Scorsese ter GRANDES MÉRITOS enquanto diretor, seu sucesso no começo de carreira, e seus melhores filmes são devidos a pareceria com o roterista Paul Schrader, um casamento perfeito. Pelo estilo de direção seco, visceral e áspero do Scorsese e as temáticas abordadas pelo Schrader, que geralmente fala da saúde mental masculina, só que pega os piores homens possíveis. Figuras polêmicas, reais ou fictícias, Jesus está incluso.
Tratando muito sobre a solidão, seja de fato ou solidão interna, saúde mental ou melhor um completo estado de desgraça mental, ou no popular pessoas biruleibes.
Como representar homens filhos da puta sem apresentar um viés masculinista? A
rgumentei um pouco sobre isso nessa postagem, mas serei obrigado a voltar nela aqui. Também vai ser gostoso de falar sobre o momento social que se encontrava o EUA durante o lançamento do filme, as temáticas apresentadas não aparece atoa, e essa vez, o filme não é sobre italo-americanos, quer dizer, é um pouquinho sim...
O FILME
Pessoalmente, eu não morro de amores pelo Martin Scorsese, não é um dos meus diretores favoritos, ele não fez nenhum filme que eu considere algo necessariamente marcante em minha vida, apesar que: Consigo enxergar o que tanto veem em seus filmes. Existem alguns pontos em seu modelo de fazer cinema que não me agradam tanto.
Não considero erro, é questão de estilo apenas.
O ponto principal é o ritmo que ele dá aos filmes, muito rápido, ou pior muito cansativo porque ele opta por encaixar um roteiro enorme em um filme de 120 minutos (duas horas), tudo feito em pequenas cenas seguidas, e avançar de anos sem qualquer tipo de transição entre os momentos do filme.
Por exemplo, em vários momentos o Jake La Motta (personagem principal) é mostrado como alguém desleixado com a própria saúde, precisando perder peso e se motivar de alguma coisa, já em Ragging Bull simplesmente corta pra luta, ou pula dois anos na frente, é um excesso de elipses na história que acaba trazendo muita informação e ao final do filme parece que você assistiu um filme de 3 horas. O que torna um tanto quanto cansativo, pelo menos pra mim.
Isso é algo que também é presente em outros diretores, tipo o Costa-Gavras, só que os filmes do Costa-Gavras são BEM mais chatinhos mesmo.
Aí que tá o pulo do gato, não existe erro artístico, existe erro de projeto, como Ragging Bull é um filme bem, muito bem pensado, orquestrado e ciente de seu próprio estilo, esse pace corrido não se torna tanto um problema, nem atrapalha a experiência. Apenas preferência pessoal por cenas mais longas e contemplativas (Ad Astra de 2019 é um excelente exemplo do tipo de filme que me salta os olhos).
Em outras palavras, a passagem de tempo é uma sensação. Existe uma diferença entre assistir 15 minutos de alguém dirigindo e 15 minutos sem parar de cenas de acidentes de carro.
Mesmo que o pacing não me agrade tanto, não tenho nada a reclamar da fotografia.
A composição das cenas em preto e branco é uma primasia visual, não é uma mera imagem sem saturação, mas todo um trabalho de imagem que remeta os filmes de época. Acredito ser pela escolha de apostar em um constraste menor que dando a mesma imagem que Hollywood utilizava nos anos 40. É o melhor trabalho de filmagem preto e branco que já tive conhecimento. Só comparar o filme com outros do mesmo período.
As cores escuras não são TÃO escuras assim e as partes brancas não ficam estouradas ao fundo, do mesmo jeito Ragging Bull foi gravado.
Essa técnica não teve tanto êxito as cenas gravadas no "presente" do Jake La Motta, quando ele foi para Flórida depois de se aposentar, não houve nenhum tratamento especial nas cenas gravadas fora de Nova York, com isso ficou um cinzentão melácolico esquisito em um lugar tão ensolarado de bonito, existe uma pequena possibilidade de ter sido proposital manter o mesmo tratamento de imagem criando essa ironia de estar em um lugar mais alegre e continuar sendo um miserável.
Eu tenho ideia como poderia ter funcionado melhor nas cenas da Flórida? Claro que não, mas o importante é críticar.
NÃO É UM FILME NOIR, cabe ressaltar, mas as cenas que utilizam das sobras ou constrastes de sombra são as belas do filme, em termos visuais, por exemplo a cena de aberta que rola o maior pega-pra-capar, uma confusão danada e essas cenas que envolve combate corporal É O MELHOR DO QUE O SCORSESE PODE FAZER, esse senhorzinho fofo que conhecemos do tiktok é um mestre na arte de gravar o puro CAOS, a sequência de abertura com certeza são os melhores 5 minutos da carreira dele.
Porra tipo sério, o filme começa daquele jeito, que primazia, É O PURO ABSOLUTE CINEMA.
Essas questões menores não importa, e o filme em si?
O filme contra a biografia de uma pessoa detestável, estuprador assumido, foi casado por sete vezes, boxeador italo-americano Jake La Motta, que teve uma carreira curta no esporte, lutando por mais ou menos 10 anos, o filme é sobre boxing da mesma forma que The Bear é sobre culinária.
As cenas de lutas são boas, mas curtas. Boa parte do filme se dedica em o Jake (ou jack como é chamado) sendo abusivo e tóxico com todos a sua volta, enquanto sua carreira oscila entre sucessos e fracassos.
Aquela famosa curva de sucesso comuns nos filmes do Scorsese não apresenta aqui, mesmo no ápice de sua carreira, Jake vive uma vida miserável, infeliz e violenta. No caso quando vira campeão mundial de boxe enquanto está espancando sua própria mulher, e porra como tem cena de violência doméstica no filme hein, mais ou menos é um filme sobre isso.
Ragging Bull tem contornos similares com Bildungsromans (romances de formação) que é um gênero literário que acompanha o desenvolvimento do personagem principal ao decorrer do tempo, Bildungromans geralmente tratam da infância até a vida adulta, ou se utilizam exclusivamente de um extrato específico da vida do personagem, como O Lobo da Estepe do Hermann Hesse (LEIAM ESSE LIVRO IMEDIATAMENTE), o recorte utilizado vai de 1942 até metade dos anos 50, do quase auge ao fracasso completo do Jake La Motta, que vai de um dos melhores boxeadores peso médio do mundo para um comediante de bares menores em Miami.
Ser comediante é o ponto mais baixoa da carreira de qualquer ser humano.
A representação toma contornos seriamente cinebiográficos pela precisa similaridade e caracterização dos personagens. A melhor pra mim é do Sugar Ray Robison interpretado pelo Johnny Barnes. Jake La Motta é interpretado por Robert De Niro, que lhe rendeu um Oscar de melhor ator. Que dizer, que acho que é o deNiro... Cadê o De Niro?
Robert de Niro está irreconhecível, em questões de fisonomia e trejeitos de atuação mesmo, com toda sua fama e sendo uns atores mais famosos da indústria, seu rosto simplesmente não está ali. Esse não reconhecimento de cara em muito contribui ao personagem, porque umas das falhas de se ter estrelas em seu filme é o seu personagem ficar menor quando se coloca no rosto que já é conhecido.
Eles conseguiram fazer uma representação melhor do De Niro em 1980 do que em filme de 2019
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a tecnologia deixa a gente preguiçoso as vezes |
Ninguém que assiste um filme com o The Rock vai lembrar o nome de seu personagem, as pessoas estão no cinema para ver o The Rock, não importa o que ele vai fazer, isso é mais comum em filmes de comédia (principalmente) e os longas metragem de ação, como o Jason Statham, Stallone e etc. A reação imediata sempre é "olha lá, o Stallone tá no filme, é o cara do rambo lá". Na minha humildade opinião isso é um dos pontos que afeta O Irlandês, o famoso filme da netflix de quase quatro horas, por voltar a usar pessoas tão famosas e rostos tão reconhecidos, a maioria dos personagens não causa interesse nenhum, é só mais um filme de máfia. O Robert De Niro nem é italo-americano nesse filme, mas as vezes nem dá pra perceber. É tão verdade esse problema do O Irlandês que o único personagem e a melhor atuação do filme é o Al Pacino, que interpreta com MAESTRIA o Jimmy Hoffa, na minha singela opinião a melhor atuação do Al Pacino, que costuma pegar papéis horríveis, então não seria algo muito díficil.
Foda-se O Irlandes, posso voltar aqui pra falar mal (apesar que gostei) do filme em outra oportunidade.
Voltando ao ponto inicial: Quando você esquece o nome do ator que está em cena, ou o não reconhece, é a melhor coisa que pode acontecer para um drama/romance e filmes que precisam de mais energia de seus personagens em cena do que o carisma de seus atores.
E como o Jake la Motta é alguém arrombado da marca maior, consciente, abusivo, tóxico e quase um ex-bbb, com todos seus defeitos não existe o mínimo esforço ou pespectiva de melhora
O Jake La Motta tem todo o esforço do PLANETA TERRA para não gerar qualquer empatia, ele não é alguém motivado, ele não tem um sonho em ser boxeador, um propósito de vida ou ambição. Colocar alguém com zero carisma (ele realmente não tem) em tela por duas horas pode tornar o filme desinteressante, porém os outros personagens ao redor do Jake La Motta conseguem carregar bem.
Outro que não se reconhece no filme é o Joe Pesci, acho que o nome dele realmente é Joe no filme e dessa vez ele não está violento e nem ameaçador, pelo contrário, é a figura que tenta baixar o ânimos do Jake, se portando como a voz pragmática da razão enquanto empresário do boxeador. Talvez ele seja o verdadeiro protagonista que tem um crescimento moral durante o filme, a sua trajetória é de cada vez distância do seu irmão tóxico (leia-se: TÓCHICO), chegando no seu ponto mais baixo quando arruma uma briga (porra é o Joe Pesci, ele vai quebrar alguém) por causa de crises de ciumes do seu irmão e o ponto mais alto no final do filme, quando o Jake La Motta tá lá todo fodido querendo um abraço e o Joe apresenta a mera indiferença.
A outra protagonista é a Vicky La Motta, interpretada pela Cathy Moriaty que carrega a função de ser a única mulher do filme com mais de 5 minutos em tela (genuinamente), considerando a barra baixa de protagonistas femininas nos filmes do Scorsese, ela é excelente, consegue espaço para atuar e atua bem, apesar que em metade das cenas ela só tá apanhando do marido.
Em outras palavras, a única mulher do filme só aparece pra apanhar.
Daí que vai uma coisa curiosa, que pode ser mal interpretado do jeito que irei falar. Apesar do filme ser sobre violência doméstica e misoginia em um geral, não é exatamente uma crítica sobre isso. O Ragging Bull não romantiza nem pro sentido positivo ou negativo da situação, tem mais abordagens documentárias de forma que afastam o expector das cenas de violência. Então não se tem uma narrativa imersiva de uma mulher vítima de violência, esse trabalho de falta de carisma/simpatia dos personagens ajuda a não tornar o filme desconfortável, junto com a direção fria do Scorsese. De certa forma ambos parecem estar cientes de suas limitações enquanto homens para oferecer uma abordagem intimista sobre vítimas da misoginia, ou simplesmente não-ligaram-pra-isso que é sempre uma alternativa viavél.
É um retrato amoral sobre violência doméstica, um pouco insensível em algumas doses, mas quem disse que toda obra sobre o assunto precisa te emocionar e oferecer uma lição de moral? Absolutamente ninguém.
Até porque de certa forma a personagem da Vicky ainda está submissa as lentes do diretor, pois só aparece pra levar umas peia e uns grito de vez em quando, garantindo personagem quase nula para ela. Apesar que o filme se esforçar em tentar mostrar um pouco de "pulso" ou rigidez dela, saindo sozinha com os amigos.
Sabe quando Capitu nunca chegou perto de trair Bentinho, só os leitores que são machistas pra caralho e querem tentar justificar alguma coisa que Bentinho fez? Tem dessas. É o tal do Male Gaze
No fringir do ovos, o filme é bom?
O próprio Jake La Motta não gostou de sua cinebiografia, isso diz tudo. As melhores biografias são aquelas não autorizadas
Apesar de todo o seu entusiasmo nos bastidores, assistir ao filme pela primeira vez deu ao boxeador outro tipo de soco no estômago. Apesar de todas as suas críticas arrebatadoras, o próprio La Motta não estava muito entusiasmado com o filme biográfico: "Eu não gostei particularmente do filme", ele revelou em 2015. Por quê? Ele ficou perturbado com a representação de seu próprio comportamento violento. Em um ponto, ele se virou para sua esposa para ver se seus sentimentos eram justificados. "É assim que eu era na vida real?", ele se lembra de ter perguntado a ela. Sua resposta? "Ela disse: 'Você era pior.'" Yohana Desta na Vanity Fair.
Pois bem que esse filme não saiu em 1980 atoa.
SEGUNDA ONDA DO FEMINISMO E O CINEMA
A segunda onda do feminismo teve início na segunda metade dos anos 60, porém veio ao seu efeito auge nos anos 70, com o surgimento de vertentes mais radicais do feminismo e debates que ultrapassavam a mera conquista de direitos civis. Trazendo pespectivas sobre a representação da mulher no imaginário coletivo, ou seja discussões superestruturais e pautas menos liberais. Uma certa constituição também de uma cultura feminina independente que não fosse apenas marido, filhos e fofocas com a vizinha.
Porra tem um texto da Lélia Gonzalez justamente nesse período que aborda uns pontinhos da cultura brasileira,
Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. Se você não leu tá perdendo tempo de vida, papito.
Falando de Estrago Unidos da América e cinema especificamente, tem o livro da Molly Haskell Reverence to Rape – The Treatment of Women in the Movies que fala sobre os papéis femininos nas telonas. Que tem se alterado, mas nem tanto assim.
Não é preciso ser um gênio pra falar que a segunda onda do feminismo afetou o cinema. Surgindo filmes com protagonistas femininas e não só isso, com pespectiva feminina, ainda que sejam só como donas de casa. Vale citar Such Good Friends de 1971, e o filme do aclamado diretor surrealista Luis Bunuel Belle de Jour de 1967. Belle de Jour é sobre uma madame que tá entendiada em casa e decide ir fazer programa, um filme maravilhoso gosto muito deste.
No popular, a dondoca foi pro puteiro, mermão.
O ramo do cinema que mais se influenciou diretamente pelo feminismo foi o de terror, enquanto os filmes dos anos 50 as mulheres eram eras vítimas de monstros terríveis, servindo apenas para gritar por socorro, os filmes de slashers dos anos 70/80 tinhamos mulheres lutando contra os vilões, clássicos do cinema né o Texas Chainsaw Massacre (1974) o Halloween do John Carpenter, o primeirão Sexta-feira 13 de 1980 onde é uma coroa matando uns jovens safados e as melhores delas em Alien (1979), a Ellen Ripley é a única sobrevivente, uma mulher de uma criatura que é uma alegoria ao estupro, Alien é sobre uma mulher lutando contra o estupro, ou voce acha que o facehugger tá ali só pra fazer uma cosquinha?
Acredito que o Carrie do Brian de Palma também entre no debate, mas nunca assisti o filme, então talvez, digamos.
Essa abordagem de mais independencia é bastante diferentes de filmes como O Exorcista (1973) onde as personagens femininas servem exclusivamente para alavancar os debates SOBRE O PADRE e sua relação com a fé. Quem já viu os filmes citados percebe a diferença das abordagens.
É também nos anos 70 que pipoca uns dos gêneros mais esquisitos do cinema, rape-and-revenge (esutpro e vingança) onde uma mulher é vítima de violência sexual e se vinga dos seus agressores. O filme mais famoso desse gênero é a franquia Doce Vingança (2010) que saiu recentemente (tem 15 anos), mas esse filme é um reboot/remaster de um filme dos anos 70, sabia? I Spit on Your Grave (1978) que tem exatamente a mesma temática e personagens, uma garota que é vítima de estupro coletivo e mata seus agressores da forma mais carinhosa possível.
O próprio Scorsese tem um filme metido a feministo (CONTÉM IRONIA) que é Alice Doesn't Live Here Anymore (1974), apesar da Alice ser viúva de um camionheiro.
Repito: esses filmes não são necessariamente feministas. Mas abordam uma pespectiva diferente do que Hollywood costumava fazer, sendo uma clara influência das pautas do feminismo que pouco-a-pouco foram fazendo parte do imaginário comum da sociedade.
Não por coincidência, é nos anos 70 que vive o ápice do cinema pornô, especialmente no Brasil. É no Brasil no mesmo período que o divórcio é legalizado (1977) e a sólida instituição do casamento é colocada em cheque.
Não é curioso que justamente que surge o debate sobre o divórcio aparece tantos filmes com infidelidade enquanto tema central?
São essas pautas que iriam começando a fazer parte do vocabulário comum surgem em filmes, a principal delas é o debate sobre violência de gênero, seja violência sexual seja violência doméstica.
E é justamente nessa pegada da violência doméstica, que se cria caldo cultural para sair filme como The Shining (o Iluminado) e Ragging Bull em 1980, ambos no mesmo ano. Nessa pegada de violência doméstica ou principalmente sobre isso tem The Burning Bed (1984) e Crimes of the Heart (1986)
Sabe outro filme que tem essa temática de forma menos focada, mas está presente lá? Purple Rain (1986), mas aí o papo iria longe demais...
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lindo, tesão, bonito e gostosão |
Ainda que na pespectiva de dois homens, o avanço de pautas do feminismo durante a decada passada que um filme é capaz de pautar sobre violência doméstica, seja de forma mais direta como violência física, mas também violência psiocológica. Nem a frente de seu tempo e nem atrasado, definitavamente um filme de sua época.
Por todo o apresentado, Ragging Bull é mais um daqueles filme do Scorsese que puxa como foco a brutalidade da essência masculina, sua solidão, paranoias mentais e ainda, mesmo que sem querer, serve como um excelente substrato para se debater a influência imediata do feminismo no imaginário cultural comum do Estragos Unidos da América.
Um filme que fosse tão incisivo sobre violência doméstica e questionamento da macheza toda seria inimaginável alguns anos atrás do lançamento do projeto. Mesmo que curiosamente hoje pode ser considerado um datado, ainda que seja o melhor do Martin Scorsese.
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