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Agonia!! Kamen Rider Black Vol. 2 (1987, Shotaro Ishinomori)


O Kamen Rider matou um pterodáctilo em cima do maracanã japonês, mas chegaremos lá. 

***Resenha com spoilers*****

Continuando a trilogia Kamen Rider Black, publicado pela editora New Pop, chegamos no volume 2, que contém os seguintes capítulos: 
#8 Tóquio: A cidade dos ventos uivantes;
#9 Naha: A lenda de Shisa;
#10 Atemas: O Labirinto dos deuses;
#11 Hyogo: O ouro dos espírito dos mortos (parte 1);
#12 Hyogo: O ouro dos espírito dos mortos (parte 2).

Lembrando que comentários introdutórios foram feitos na primeira parte, conheçam o que é Kamen Rider leia aqui.

Dois breves comentários sobre aspectos menores, é primeiro um elogio a tradução da new pop que optou por manter alguns nomes em japonês, tipo o Shisa, que é o leão mencionado no capítulo 9, porque Kamen Rider Black tem justamente esse objetivo de focar na ambientação que se passa determina lenda, trocar os nomes iria despersonalizar cada local, então é um baita acerto, cê dá um google de 10 segundos e já sabe do que está se tratando aquela história.
O outro ponto é o amadurecimento do visual, o traço do Shotaro Ishinomori amadurece, fica com formas mais sólidas e tem um aspecto mais "claro", abandonando o visual de gravuras e cenas noturnas. Tem mais cenas ao dia e as sombras suavizadas, fazendo um uso até melhor das sombras e contrastes, claro que sem perder o gostinho característico do Kamen Rider Black.
essa cena é um excelente exemplo

Bem, já de cara com o capítulo 8, termos o Kotaro morando de favor numa loja de motos, daí FINALMENTE a moto do Kamen Rider aparece, a Battle Hopper e com isso um desenvolvimento de "motivação heroíca" do nosso protagonista.

De cara o Ishinomori constrói uma cadeia de relacionamentos muito melhor do que o primeiro volume, muito ajudado pela estabilidade da trama que se passa quase inteiramente no Japão, agora o Kotaro tem um lar, um passado e um objetivo, que por enquanto é ficar na maciota. O climinha é bem gostoso (sem ironia, as relações estão muito boas), jovem "delinquentes" zarpando de moto por aí e um romance bem romeu e julieta onde a filha de um bilionário sem coração se apaixionar por um jovem pobre que está tendo sua casa ameaçada pela construtora do bilionário, ao mesmo tempo que tem um assassino em série solto na praça matando a rodo e todo um mini arco do 'mestre' (o dono da oficina) mandando a real para o Kotaro

-Seja o Kamen Rider!

Sim, o mangá menciona a série de TV original dos anos 70 como fator motivador do Kotaro assumir o seu lado mais podre, ou tomar pra si uma vocação heróica que ele não tinha encontrado ainda, com a sua cunhada chegando e implorando de joelhos para ele regastar o Nobuhiko, seu irmão que ainda tá em posse dos Gorgom.

Tudo isso acontece ao mesmo tempo, pequenos arcos, tudo se resolve entre si, um pace menos acelerado do que o mangá tinha apresentado e até com espaço para melodramas! O capítulo 8 de Kamen Rider Black é um deleite para qualquer fã de quadrinhos.

Isso para não falar de um final espectacular, digno de uma novela da 9, onde descobrimos que Ayumi (a cunhada do Kotaro) na verdade tinha sido raptada pelos Gorgom, não só isso como era a responsável pelos assassinatos em série, só que assim como nosso Kamen Rider, vivia mais uma maldição de ser um ciborgue organico do que realmente estar trabalhando para os vilões, o resultado disso é ela implorando para ser morta nas mãos do Kotaro, cena estupidamente trágica.

Mencionando outros fatores, grandes empresas, delinquência juvenil, motocicletas... Kamen Rider poderia ser encaixado no cyberpunk japonês, e até faz muito sentido! A obra toca sutilmente em temas como transhumanismo ou essa convivência de "criatura-máquina". Pra mim há uma evidente inspiração de Crazy Thunder Road (1980) filme do Sogo Ishii que teria as bases desse novo movimento cinematográfico, cyberpunk japonês.


Não estou afirmando que Kamen Rider Black é uma obra cyberpunk, até pela estética de tokusatsu, mas pelo caldo cultural que estava sendo produzido na época, agora tendo uma certa "contaminação cruzada". Tudo questão de perspectiva. 

O capítulo 9 ou segunda história na sequência é bem fora da casinha, baseando numa lenda local de Okinawa um coronel americano birutinha decide lançar uma bomba atômica em Tóquio. A história é bem viajada, mas com um excelente comentário ácido sobre. Os Shisas, que são essas criaturas de pedra também comum a cultura chinesa são descritas na história como um amuleto de proteção para a vila, no caso certos "meteoros/bolas de fogo gigantes". Só que um desses leões começam a atacar moradores pela noite, que é justamente o Coronel que está planejando limpar Tóquio do mapa com uma bomba atômica um contraste bem interessante.

Kotaro vai desenvolvendo uma face mais malandra e expressiva, desenvolvimento de personagem e se tornando um herói de fato, mesmo que esteja agindo pelo desespero. Como todo bom herói, ele consegue salvar o dia de qualquer jeito, mesmo que custe sua sanidade.

Porque cada vez que ele se aperfeiçoa enquanto Kamen Rider, mais perde o material humano que tinha dentro de si, cada vez mais começa a agir aos desejos do grande vilão da trama, a organização Gorgom, tendo que enfrentar esse dilema: quanto mais Kotaro Minami cede a Gorgom, mais perto fica de derrotar eles. A que custo?

os capítulos 9 e 10 são bem qualquer coisa, pouca coisa. Não agregam tanto, apesar do capítulo em Atenas ser belíssimo, muitos raios e trovões, criaturas mitológicas grega descendo a porrada entre si, no caso minotauro e centauro, do caralho serião, é só porrada seca.

Mesmo a história sendo uma bagunça (basicamente dois laboratórios gorgom brigam entre si e tudo explode no final, foda-se) ele é relativamente divertido de ler, mitologia grega é sempre uma muleta útil para histórias sobrenaturais. Por falar em mitologia, nem tudo que acontece é culpa da Gorgom, nem tudo é ciencia maligna, tem magia acontecendo ou quase isso, o mangá não se preocupa tanto em explicar como as coisas acontecem.

Uma parada que eu gosto em Kamen Rider é a apresentação do lugar que o Kotaro está indo, no caso é nos apresentado no capitulo 10 o Tokyo Dome, também conhecido como ovo gigante, já que é um estádio giganorme com uma membrana branca como capa, sendo uma das principais arenas de baseball no país (esporte bem popular nas terras niponicas). A história é si é focado no policial que tá perseguindo o Kotaro desde do capitulo 8, até esqueci de mencionar, é mais uma alívio comico do que outra coisa. Depois um Pterodacyl ameaça furar o Tokyo Dome, ou fazer alguma barbaridade parecida.


Cara, eu não sei se esse é o plano mais maligno do mundo, de qualquer jeito o Kotaro parece muito apavorado com a possibilidade, não o quão importante é esse estádio de baseball para o Japão, então para alguém que é completamente mal informado sobre, a história não funciona tanto, mas tem uma batalha final bem foda.

Por derradeiro, nos dois últimos capítulos são de terror puro.

Sequer é tão focada no lance de perseguição dos gorgons (até os 45 do segundo tempo), um coroa filho da puta sequestra a irmã mais nova do Kotaro, alegando ser herdeiro legítimo de toda grana que teu pai deixou, levando ela para num umbral desgraçado.

O terror psicológico aplicado na criança nas 5 primeiras páginas são de gelar a espinha, mesmo sendo uma folha impressa, tem uma imagem em específico dá um gelo na espinha. Do capítulo, os dois na verdade, é pautado no que é real e no que é alucinação, voltando a aquela pegada mais sobrenatural que a luta do minotauro com o centauro tem. 

Isso facilmente poderia deixar a história bagunçada, como foi da primeira vez, mas aqui, por ser uma pegada de terror, funciona perfeitamente... Termos zumbis! 

Terminando com um clima cavernoso e com grandes expectativas para o próximo mangá. Acredito que contará com o regaste de Nobuhiko, a perceber. 

No frigir dos ovos...


Há um evidente amadurecimento de seu protagonista ao passo que o mangá em si define melhor no que pensa em ser, sua proposta, estilo visual e alguns "problemas" apresentados no primeiro volume são resolvidos. Sem qualquer exagero, o capítulo 8 é um primor na matéria de quadrinhos.

Altas de expectativas para o fechamento no volume 3. 

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