Nos últimos dias um gigantesco questionamento me veio a cabeça. Como uma banda de esquisitos igual ao Nirvana virou a maior marca mainstream dos anos 90?
A resposta mais curta que você vai ouvir é "porque eles eram bons" ou "eles eram revolucionário" acontece que essa não me convenceu, pelo motivo de eu não gostar do som da banda, o que deixa a questão mais apimentada.
Pessoalmente o Nirvana não me apetece tanto, acredito que seja porque não consigo ter uma relação de conexão com o Kurt Cobain, que é o grande motivo da maioria dos fãs do Nirvana. Não é incomum em outras bandas de rock alternativo, muita das vezes você não escuta exclusivamente pelo som, mas por todo um afeto que possui com aquele grupo, ou simbolizam resistências em fases ruins de sua vida.
Faz parte da cena indie/alternativo tratar o artista como ser humano, ao ponto de conhecer facetas mais intimistas daquele personagem público. O mercado é 100% ciente disso, é quase uma experiência gourmetizada, mas não vou ser tão ácido a esse nível.
Enfim,
Nesse tópico eu irei mostrar o contexto fonográfico (olha que palavrão bonito) que deu margem para o mainstream em cima de meia dúzia de bandas indies de Seattle, gênero musical conhecido como GRUNGE. Também irei provar a queda do mercado antigo do rock e metal.
Pega uma pipoquinha na manteiga e vem lendo no Marginália 3
Pega uma pipoquinha na manteiga e vem lendo no Marginália 3
1 - ROQUEIRO VIROU CAFONA. A PORCARIA QUE A MÚSICA POPULAR ESTAVA NO COMECINHO DOS ANOS 90.
Mötley Crüe, quanta breguice. |
O cenário musical dos anos 80 no rock era o famoso "hair metal", ou metaleiros cabeludos (em portugues), que englobavam os metaleiros, digo os HEADBANGERS, a galera mais do Glam (tipo Twisted Sister) e uma linha muito brega de músicos de hard rock. Isso falando em questão de música popular do Estados Unidos, outros países já tinham largado o rock de vez, caindo de cabeça em new wave, que pode ser assunto de outro tópico.
O rock e o metal não tiveram sempre uma caterogização exata, até porque esses termos não surgem numa convenção internacionais de roqueiros. O Hair metal na verdade são bandas de hard rock ou de glam, e as bandas de "heavy metal" são na verdade trash metal. Sempre será confuso essas categorias, não se apeguem aos nomes, mas sim ao som.
O Trash Metal surgiu no auge do Satan Panic nos Estados Unidos, as bandas propositalmente faziam referência a atos de violência, rituais ou simbologias ocultistas, no caso do Slayer que tinha um pentagrama como símbolo, isso foi melhor explicado em outra postagem que recomendo a leitura.
A ojeriza de um grupo, as vezes desperta a curiosidade/interesse de outro, isso fica muito evidente quando os pais conservadores diziam que aquela música era satânica, enquanto seus filhos adolescentes batiam cabelo ouvindo metal, foi nessa também que a Mia Khalifa (atriz pornô libanesa) ficou tão famosa durante o auge da campanha anti-islã. Não é só coincidência.
Putarias a parte, existem outros elementos que garantiram o sucesso do trash.
Carregava consigo essa vibe de 'amadorismo', bandas de garagem, muito parecido com os filmes do Sexta-Feira 13, muito famosos nos anos 80. Todo mundo sabe que é mal feito, mas é bom por causa disso, é trasheira, é pra ser algo divertido de ser consumido, ao invés de contemplado, analisado e afins. Ou seja, o público geral já estava acostumado com produções de "baixo orçamento" (muitas aspas porque tinham grandes gravadoras por trás) no cinema, isso só não tinha chegado na música ainda.

Trash Metal se tratava de um metal muito mais rápido, que contrariava o elegante metal de inglês do Judas Priest, Iron Maiden e algumas do Black Sabbath. Com riffs simples de guitarras e a considerar a versão mais comercial do gênero: Solos de guitarra alucinantes, especialmente quando falamos do Megadeath. Por falar no Megadeath, a banda forma um quarteto famoso do trash, que na verdade é mais Metallica (que sempre foi mais famosa) e mais outras três, Slayer, Anthrax e a já mecionada Megadeath, com o bandleader ex-metallica, Dave Mustaine.
"A amizade é tudooo" |
O gênero foi um sucesso meteórico (MUITO SUCESSO MESMO) e mais ou menos surgiu "ao mesmo tempo" em outras partes do mundo, o sucesso comercial do Metallica especificamente jogou luz em outras bandas que já realizavam um som parecido em outros países, além de ter influenciado a criação de novas bandas. Falando do Brasil termos Sepultura, Sarcófago, Korzus, Ratos de Porão (ratos tem disco trash sim, e pegando os riff do Slayer), Executer, Dorsal Atlântica, Mutilator, Holocausto e Claustrofobia.
Gagrena Gasosa não é trash metal, mas não sei se terei outra oportunidade de mencionar a banda nesse blog, então fica o registro dos macumbeiros mais queridos da cena.
Também tem as bandas alemãs de Trash que são muito melhores, vale destacar que teem seu próprio big four, Sodom (a melhor de todas), Kreator, Destruction e Tankard. Outra banda bastante famosa e influente foi a canadense Voivod.
Mas nem tudo são trevas, junto com o trash metal, o outro gênero popular foi o hair metal ou hard rock
O hard rock é aquelas famosas músicas de tiozão que beiram as baladas românticas, e algumas são mesmo. O maior exemplo é a melosa LOVE HURTS (1975) da banda escocesa Nazareth. O gênero é um 'tipo' de continuidade do Glam Rock que foi mais comum nos anos 70, só que com menos roupas extravagantes e sem glitter também. Os principais expoentes do gênero são Van Halen, Guns 'n' Roses, Scorpions, Bon Jovi, Europe, Def Leopard e outros rock pauleras que o seu tio bolsonarista adora ouvir.
a famosa guitarra do Eddie Van Halen |
Especialmente Van Halen e Guns fizeram muito sucesso na década de 80. Por ser apoiado em vertentes do Glam, que já estava ultrapassado para a época, tendo sido extraído até as últimas gotinhas possíveis. Tanto que não era exatamente pensado para o público mais adolescente/jovem, que estavam curtindo o metal.
Não atoa o hard rock não sobreviveu ao final dos anos 80, o último suspiro foi o Guns'N'Roses tendo participado da soundtrack do blockbuster máximo de ação Exterminador do Futuro 2, lá em 1991, mesmo ano que saiu Nevermind do Nirvana e o estouro da cultura grunge, ambos chegaram a disputar entre os charts, só que os rockeiros perderam essa disputa.
A mudança de mercado do rock "tradicional" pro grunge fica muito evidente quando analisamos a discografia das bandas. O metal ainda teve uma sobrevida com alguns bons discos do Sepultura Arise (1991) e Chaos AD (1993) e depois no surgimento do Nu Metal (em 1993 com o debut da banda Korn ou KoЯn, para os intímos), que é uma coisa totalmente diferente, porém ainda metal.
Só que as bandinhas malucas de NuMetal desbancaram o trash, fazendo que também as bandas não lançassem nada de inovativo nos anos 90. Vamos para a análise das bandas mencionadas:
1.1 - ANÁLISE DA DISCOGRAFIA DAS BANDAS DE HARD ROCK E TRASH METAL NOS ANOS 90.
Primeiro é bom destacar que rock e metal não eram as únicas musicas do mundo, nem do mercado, existem outros mercados que podem ter influenciado nas vendas ou na continuidade de projetos com as gravadores, tipo o Rap, ícones pop como Madonna e Michael Jackson, o próprio New Wave inglês que já citei e entre outros. Então o objetivo não é ser tão direto ao ponto de falar "o Grunge acabou com o rock", mas sim mostrar que essas bandas dos anos 80 ficaram no passado.
Aquela velha máxima, correlação não implica casualidade.
Hard Rock
Guns'N'Roses: a banda de rock meloso surgiu ao mundo aos 42 do 2º Tempo, lá pra 1987 com o grande aclamado Appetite For Destruction (1987), álbum que farmou 5 singles e os maiores sucessos da banda, como Welcome To The Jungle, Sweet Child of Mine, Paradise City, muítissimo bem recebido pelo público e respeitado pela crítica. Mesmo já sendo famosa, eles estouraram mesmo em 1991, quando fizeram parte da soundtrack de Exterminador do Futuro 2 e lançou o álbum de dois volumes Use Your Ilusion.
Use Your Ilusion já dava aparências que aquele visual rockstar já não dava mais caldo, pois o álbum tem uma pegada mais lenta de blues, com músicas longas. É desse dois álbuns que sai a famosa November Rain, aquele icônico clipe do Slash tocando na frente da igreja. Não que o Hard Rock tivesse sido abandonado, só tem mais elementos ali. O álbum foi um sucesso de vendas e figurou no topo das paradas de sucesso.
Axl Rosas e sua tropa voltou ao mercado com o flopado The Spaghetti Incident? (1993) que foi um fracasso de vendas*.´É o album inteiro de cover, tem cover de canções PUNK, até do Misfits (versão horrível inclusive),outros proto-punk/glam e também os groupies, uma mistureba que conta com Iggy Pop, New York Dolls e Johnny Thunder as inglesas Sex Pistols e The Damned, um estranho cover de uma música do Charles Manson, dizem que ele pensava que tinha sido escrita pelo Beach Boys, mas eu tenho uma série de indícios que talvez provem ao contrário...
Esse ponto gente deixa baixo.
Acredite se quiser, eles regravaram uma música do Soundgarden, banda grunge liderada pelo Chris Cornell, regravando Big Dumb Sex. É um album esquisito, as músicas originais formam uma bela playlist, porém as regravações não colam. E em toda lista de albuns do Guns os seus fãs o colocam na última posição.
Esse ponto gente deixa baixo.
Acredite se quiser, eles regravaram uma música do Soundgarden, banda grunge liderada pelo Chris Cornell, regravando Big Dumb Sex. É um album esquisito, as músicas originais formam uma bela playlist, porém as regravações não colam. E em toda lista de albuns do Guns os seus fãs o colocam na última posição.
Não é uma mera coincidência, o grunge impactou a carreira do Guns'n'roses, eles até tentaram se enturmar com a galera, regravou até banda grunge, mas não rendeu o sucesso esperado. O álbum chegou até aos top 5 (máximo) da Billboard 200, mas sequer durou 25 semanas no chart, sendo expulso assim que possível. (22 semanas apenas)
*o "fracasso" de vendas foi tipo 1 milhão de cópias, que para um banda do tamanho do Guns é uma vergonha, Use Your Ilusion 1 e 2 vendeu 18 milhões CADA.
![]() |
Guns'n'Roses gravando Soundgarden, 1993: |
Depois do incidente do macarrão, a banda teve um hiato de 94 até 99, quando se desfez completamente. Só vindo lançar outro álbum que ninguém lembra em 2008.
- METALLICA
Pioneiros, na verdade é mais ou menos a banda que furou a bolha do Trash Metal, possui uma importância do gênero similar com a do Nirvana para o grunge, é uma banda de grande sucesso comercial até os dias de hoje.
Desde de Kill 'Em All (1983), seu debut, tinha uma certa consistência em trabalhos bem aclamados, exceto por um tropeço terrível em ...And Justice For All por uma produção terrível, reza a lenda que o seu baterista tocador de latão de ninho Lars Urlich meteu a mão nos controles e mandou baixar o som do contrabaixo do Jason Newsted, então é um álbum muito díficil de ouvir, já que não tem o som do contrabaixo. Mas aí são questões técnicas, em música mesmo, a banda nunca tinha decepcionado.
Mesmo assim, também em 1991, Metallica trabalha com Bob Rock, lendário produtor de bandas de Hard Rock como Aerosmith e Motley Crue, o resultado foi o álbum mais vendido da banda, e na verdade o seu último trabalho decente (pra quem gosta). O auto intitulado conhecido como Black Album tem os maiores hits, Enter Sandman, Nothing Else Matters, The Unforgiven, Sad But True e entre outras, só existe um porém...
Não é um álbum de trash metal. A banda teve que perder toda a identidade para chegar ao topo da indústria da música.
Só comparar músicas tipo Trap Under Ice e The God That Failed.
Banda mudou completamente sua sonoridade para algo mais pesado e lento, traíndo completamente os príncipios da trasheira, a decisão do Metallica em 91 foi clara, é melhor fazer dinheiro do que trash metal. Seus fãs não colocam, em sua maioria, o Black Album como o favorito/melhor, mesmo não sendo um álbum de trash, ou sequer de metal em algumas faixas, a produção é tão boa que dá pra apreciar alguma coisa ali.
É um bom álbum.
É um bom álbum.
Pra falar a verdade o Metallica (1991) é o único álbum bem produzido dessa banda. Mas depois daí foi ladeira abaixo. A banda era grande demais para sair mídia, porém evidentemente a qualidade musical, ou a "alma trash" já tinha indo embora, os próximos trabalhos do Metallica foram uma verdadeira porcaria... Fechando uma trinca maldita de Load, ReLoad e St Anger. Se você é da bolha do metal já deve conhecer a fama.
Só o Metallica consegue produzir algo tão ruim. |
Load é quase uma evidência de uma vez como o grunge afetou a indústria musical. Lançado em 1996, o álbum é considerado pelo fãs do metallica como uns dos piores, tem gente que coloca abaixo de St. Anger por exemplo. Para poupar texto, é basicamente o James imitando o Alice In Chains ou o Pearl Jam, duas bandas de grunge por 14 músicas, de uma maneira bastante cara de pau. Além de outros elementos vão executados de rock sulista ou meio blues, não, apenas não.
Load e ReLoad foram bem nas vendas, chegaram ao top 1 da Billboard 200, mas não duraram no chart por muito tempo, é flagrante a queda vertiginosa da banda dentro do mercado se utilizar como parâmetro o numero de semanas que figurou durante o Top 200 da Billboard. Olha só:
A fins comparativo, é tipo os filmes ruins da Marvel, vai vender bastante na estreia porque é Marvel, uma empresa muito consolidada que tem uma marca enorme, porém não-dar-prejuízo não é suficiente para uma marca do tamanho da Marvel, pode até dar lucro, mas ao longo prazo aquela marca vai se enfraquecendo. Foi exatamente o que aconteceu com o Metallica, que nunca mais teve o mesmo prestígio depois desses dois álbuns. Pior ainda depois de St. Anger.
OUTRAS BANDAS
Já outras bandas menos conhecidas menores em comparação à Guns e Metallica.
-Megadeath lança o seu melhor álbum*, Rust In Peace (1990), e honestamente uns dos melhores álbuns de trash metal da história da civilização ocidental, por exemplo o álbum vendeu 1 milhão de cópias, o que seria pro Metallica e Guns um fracasso, porém para o Megadeath são excelentes números. Depois disso não tem nenhum trabalho tão relevante, talvez Countdown to Extinction (1993). A banda por não ser o centro da indústria não muda o seu estilo, abraçado no trash metal completamente.
*Há quem diga que Peace Sells (1986) é melhor, mas não vou entrar nessa briga.
-Slayer assim como Megadeath não mudou de estilo, que sempre foi muito característico. Mesmo com o lendário produtor Rick Rubin por trás de seus projetos, o último álbum grande/relevante mesmo também foi em 1990, o Season In The Abyss.
O Rick Rubin é uma das mãos responsáveis por consolidar o rap no mercado, produzindo pro DMC, Slick Rick e Beastie Boys, ainda é o nome responsável por System Of a Down, Danzig e alguns álbums do Red Hot Chili Peppers.
Rick Rubin, Tom Araya (Slayer) e o Rapper Ice-T |
-Anthrax. Anthrax nunca foi uma banda tão MEGA FAMOSA como as outras mencionadas, mas citei no tópico porque é um caso interessante porque eles se "apoiaram" no crescimento do rap, fazendo uma música conjuta com o Public Enemy e colocando elementos do hip hop em outras, como sampling e chopping. Que saiu lá em um álbum de compilação em 1991.
Será que é coincidência todas as bandas de hard rock e metal sumiram do dia pra noite em 1991? Claro que não, surgiu algo mais, maior efetivo e avassalador. o grunge.
2 - BLACK FLAG - MY WAR (1984) É PLANTADA A SEMENTINHA DO MAL
O punk também foi um ritmo que afloreceu nos anos 80, especialmente a cena undeground de punk califórniana, os principais nomes do gênero estão lá Circle Jerks, Black Flag, the Adolescents, Minutemen, F.E.A.R, X, Descendents, T.S.O.L., China White, Agent Orange, the Vandals, Love Canal, Wasted Youth, Social Distortion, D.I., White Mice, Channel 3, Dr. Know, the Mentors e a gigantesca do mercado indie NOFX que foi uma banda que vendeu bastante, mesmo se recusando a assinar com grandes gravadoras.
Quase que esqueço Dead Kennedys, Flipper, MDC e Verbal Abuse.
Washigton DC foi outro grande polo do punk, tem a espectacular Minor Threat, Bad Brains e Fugazi.
O punk hardcore nunca "furou a bolha" do mercado fonográfico, mesmo assim foi muito influente na música dos próximos anos, exclusivamente pelo grande apoio popular que essas bandas tinham. Afinal gerenciar uma banda punk era quase impossível, eles eram expulsos dos clubes por incitar a violência, nunca iriam conseguir grandes contratos pelas mensagens de cunho político e acintoso, eram mensagens contra o governos, fascistas (o governo basicamente) e até questões mais densas como a desgraça que é morar em um grande centro urbano.
O som era agressivo, com músicas acima de 200 bpm, a comunidade punk se renunia para descer porrada entre si nas rodinhas punk (mosh pits), as bandas sobreviviam de clubes punks, revistas e gravadoras independetes. As gravações eram sujas, um som pesado e distorcido em algumas ocasições, a preocupação era exclusivamente gritar até a ultima goela em um movimento de cartase.
O hardcore punk era um anti-mercado da música, enquanto os metaleiros passavam horas compondo os solos de guitarras mais extravagantes, os músicos punks sequer gastavam mais de 2 minutos nas gravações. Não vou me alongar nos elementos do punk porque existe um documentário excelente sobre isso. Apesar de serem um cuspe na cara (as vezes não intencional) das grandes bandas, elas mesmo se influenciaram em alguns aspectos.
Dentro da cena hardcore, uma das mais influentes para outros artistas foi a Black Flag, e da Black Flag se propagou algo que hoje em dia pode ser considerado um "proto-grunge" ou "proto-sludge metal", se trata o lado B do disco My War que possui músicas mais lentas e um som mais encorpado. O melhor exemplo é Scream, que não possui grito nenhum.
Possuindo mais ênfase no baixo e esse tom atmosférico, essa mundança de estilo dividiu os fãs da banda, alguns queriam que o som mais agressivo continuasse, enquanto outros fãs se apaixonaram completamente. Também atraiu novos ouvintes.
Mais uma vez, essas microclassificações são muito genérica e díficil de cravar alguma coisa. Mas é importante ter algo em mente, houve uma um movimento disruptivo entre uma música mega agressiva e rápida, para algo mais lento e pesado, esse movimento disruptivo é o lado B de My War, que se espalhou em várias bandas indies. Incluindo algumas de Seattle, berço do grunge.
3 - CENA INDIE DE SEATTLE, SURGIMENTO DO GRUNGE
Só para situar geográficamente, Seattle é a cidade mais populosa do estado de Washington nos EUA (não é Washington DC), é fica lá na puta que pariu bem longe dos maiores polos ecônomicos (LA, NY e Texas por exemplo), apesar de ser uma cidade grande, atualmente conta com mais de 700k de habitantes.
Seattle concentra TODAS as bandas grunge do movimento, lá cohabitava uma cena indie tocava um estilo interminado de música que se misturava com hardcore punk, noise rock, e alguns elementos do metal, todas as bandas gravadas pela SUB POP, gravadora independente de Seattle que recepcionou aqueles artistas e formou essa cena comunidade de grunges.
Uma das pioneiras delas delas é Green River que possuia integrantes que posteriormente formariam Mudhoney, Mother Love Bone/Pearl Jam (o mesmo sujeito). Só pra destacar ter gente que formariam outras bandas depois é bem comum na cena indie.
É da sub pop que vem inclusive o termo grunge para se referir a essas bandas, especificamente o Bruce Pavitt do fundador da Sub Pop sobre o EP Dry as Bone (1987), do Green River: "gritty vocals, roaring Marshall amps, ultra-loose GRUNGE that destroyed the morals of a generation".
Tradução livre: vocais ásperos, rugidos amplificadores Marshall, uma sujeira* ultra-folgada que destruiu a moral de uma geração.
*Grunge é sinônimo de sujeira, é como fosse algo muito sujo, uma camada grossa de sujeira, algo nojento. Acredito no Brasil isso seria chamado de lodo.
Só pra ser muito chato, o termo grunge era usado nos anos 50 para descrever o rockabilly do Johnny Burnette lá pra 1957. Mas ok. Foda-se o Johnny Burnette
Rockabillices a parte, a história do grunge se confunde com a do produtor Jack Endino, que também tinha sua própria banda a Skin Yard. Na boa, escutem Skin Yard, pra mim é a banda mais grunge de todas, é o grunge puro.
Jack Endino foi a parteira de todo um movimento, produzido os principais álbuns do grunge antes do mainstream, alguns como:
Auto intitulado do Skin Yard (sua banda, 1986);
Green River - Dry as a Bone (1986);
Soundgarden - Screaming Life (1987);
O mega clássico proto-grunge Superfuzz Bigmuff EP do Mudhoney (1988);
Tad - God's Balls (1989);
E por último, o álbum de debut do Nirvana, Bleach (1989) que foi gravado por 30 horas e custou apenas 600 dólares para ser produzido.
Bleach não tinha a formação clássica do Nirvana, a banda ainda não tinha um baterista, então o baterista do estúdio tocou na maioria das faixas e o Dale Crover do Melvins em uma ou outra, além do Kurt Cobain, já contava com o Krist Novoselic (baxista), algumas fontes dizem que o próprio Jack Endino tocou em algumas músicas, mas outros afirmam que não. Fica a critério do que você prefere acreditar.
Em vendas flopou horrores, apesar que foi até que bem recebido no meio grunge. Mas não motivou o Kurt a continuar na sub pop, porque...
Calma aí! Tava me esquecendo de um contexto. As bandas "indies" assinaram com grandes gravadoras.
4 - INDIE COMO UM RÓTULO: BANDAS "PEQUENAS" DE ESTÚDIOS GRANDES.
No finalzinho dos anos 80 algumas bandas indies/alternativas chegaram as grandes produtoras, as mesmas que produziam, Metallica, Aerosmith e Guns'N'Roses, ou seja a nata do mercado. É o caso da banda Pixies, que produziu Doolittle (1989), seu maior sucesso comercial talvez pela Elektra Records (grupo Warner). Mesmo que seu maior hit seja Where Is My Mind? Que tá lá no Surfer Rosa (1988), que é gravada pela 4AD Records, uma naninca.
Pixies fez um bom sucesso, mesmo sendo uma banda que veio "do nada", foi uma furadora de bolha no mercado indie, tem uma fala elogiosa do Bowie que resume bastante o estilo da banda.
Pixies fez um bom sucesso, mesmo sendo uma banda que veio "do nada", foi uma furadora de bolha no mercado indie, tem uma fala elogiosa do Bowie que resume bastante o estilo da banda.
"A primeira vez que eu ouvi Pixies deve ter sido em 1988, e eu achei a música mais atraente (fora o Sonic Youth) de todo os anos 80. Os Estados Unidos não promovem as pessoas como na Europa, havia tanta porcaria por lá na época que o Pixies teve que ralar muito para conseguir chegar à superfície. (...) Há três elementos que eu considero importantes para a sonoridade da banda. O primeiro foi a dinâmica, bem óbvia agora, mas não na época, de manter o verso bem calmo e então explodir em barulho no refrão.
O segundo foi as interessantes colocações de Charles [Thompson] (o vocalista Black Francis ou Francis Black), coisas às vezes bem mórbidas. As letras dele abordam o mundano, o banal, mas a forma como ele subvertia os mais diferentes temas era tão incomum que chamou minha atenção na hora.Havia um senso de imaginação… — e eu não digo imaginação como fantasia, como a maioria das pessoas define, e sim como capacidade de compreender as relações entre as coisas. E aquelas relações que iluminavam os temas eram feitas com tanta naturalidade, com tanto entusiasmo. Há um grande senso de humor que permeia tudo que Charles faz."O terceiro são as cores que [Joey] Santiago fornece como guitarrista — ele é terrivelmente subestimado. É mais questão de textura, ele supre [a banda] com texturas extraordinárias." Leia mais em: https://whiplash.net/materias/news_719/341539-davidbowie.html
Outras "gigantes" entre os pequenos são a Dinosaur Jr que passa a lançar com a Sire (também grupo warner) de 91 pra frente e a tal da juventude sônica, Sonic Youth, grupo de rock alternativo/indie que fez bastante sucesso com o disco Goo (1990), o sexto disco do grupo, que foi lançado pela DCG records (Geffen).
Goo foi muito bem nas vendas, não no nível de milhões de cópias, para o contexto de uma banda alternativa/indie que era uma completa desconhecida do público foram números bastante positivos, mais de 200 mil cópias até o final de 1990. Há quem considere Goo um clássico da música no geral, a sua capa é uma das artes mais icônicas que o universo fonográfico já produziu, você já viu essa imagem ou cópia em algum lugar:
Escutem Goo, por favor. |
Mesmo assinando com um grande estúdio, os músicos tinham a liberdade de fazer qualquer coisa, era um grande momento de aposta que deu muitos resultados, falaremos deles. QUE repetiu a história das bandas de trash metal dos anos 80, a própria Metallica por exemplo gravava pela Megaforce, uma gravadora pequena e independente, depois migraram para a Elektra.
E aí que a história começa a ficar redondinha.
Kurt Cobain e Kim Gordon |
Nirvana foi apresentado à Kim Gordon (baxista e vocalista do Sonic Youth) pelo Pavitt, aquele fundador da gravadora sub pop, se tornam próximos e eram fãs mutualmente. Ao ponto de fazer uma turnê europeia juntos no verão de 91 (antes do lançamento de Nevermind) para a divulgação do álbum Goo.
Kim Gordon e Thurton Moore (guitarrista e vocalista do Sonic Youth) apresentaram o Nirvana para a DCG Records, Kurt Cobain e sua tropa assinou com a gravadora para a gravação do álbum Nevermind, a DCG viu potencial no material e esperava um número de vendas na base dos 400 mil, se tivesse o mesmo sucesso de Goo.
Só que o álbum foi um sucesso imediato, chegando a vender 400 mil cópias POR SEMANA em 1991. Mas aí eu estaria pulando etapas, vamos devagar.
Só que o álbum foi um sucesso imediato, chegando a vender 400 mil cópias POR SEMANA em 1991. Mas aí eu estaria pulando etapas, vamos devagar.
5 - A FOME ENCONTROU A VONTADE DE COMER, NEVERMIND (1991).
Nevermind foi lançado em setembro de 1991, precisamente no dia 24 de setembro de 1991, antes de falar do sucesso que teve, preciso fazer algumas notas breves sobre o som: Nirvana é uma banda grunge organizada, bem mixada e apresentável para o grande público. É quase um album alternativo perfeito para furar a bolha da música alternativa.
Não tem som de microfonia, não soa "sujo" como tivesse sido gravado em uma lata de atum, e se comparado com o primeiro projeto do Nirvana, há ali algo mais sólido e bem definido, é o tal do grunge que estava por vir. Inclusive por ter muitas partes de violão acoustico
Só compara In Bloom com Negative Creep.
Se comparar com Goo por exemplo, Goo tem gritos, partes faladas sem melodia, é algo mais "caótico" para alguém que quer só ouvir um som mais pesado e emotivo casualmente. Pode afastar ouvidos que não estejam acostumados com música alternativa. Não é algo tão apresentável, não pra quem só ouvia Bon Jovi dois meses atrás.
É bom salientar que existem vários tipos de públicos que escutam a mesma música, existe o ouvinte casual que vai ouvir aquilo no rádio do carro e tem pessoas que passam o dia inteiro ouvindo música, caçando artistas, pessoas como eu, que tem um blog dedicado a música.
Para uma pessoa já calejada em música, um álbum como Goo não tem nada de "diferentão", mas para um ouvinte casual? Um jovem de 1991?
E aí que tá, Nevermind consegue emanar uma jovialidade que quem ouvia Bon Jovi à dois meses atrás queria, era algo inovador sem conseguir assustar. É só olhar para o pessoal do Nirvana em 1991 e os cantores de hard rock/metal, quem tinha mais a cara do jovem geração X?
Cantores do hard rock que já estavam na casa dos 30 anos*, cheio com mansões e carros caros, enquanto se tinha um rapaz meio depressivo de 24 anos, que se vestia de forma bastante comum?
O Dave só o chassi de grilo |
*O Steven Tyler (Aerosmith) já tinha mais de 40 anos a altura de 1991, não é uma questão exclusivamente de idade, mas a perca de identificação e carisma com o público geral, além de ser um gênero musical já datado pra caramba.
NÃO QUERO ARGUMENTAR QUE "AI O NIRVANA SE VENDEU PARA FAZER SUCESSO", pode ter sido amadurecimento da banda como um todo. Acredito que seja mais um caso de polimento de ideias do Nirvana, tudo que está em Nevermind foi idealizado em Bleach, só que em Bleach não havia um polimento necessário para transmitir suas ideias.
É um som mais bem projetado no geral, a banda queria soar de uma maneira específica. E entrega magistralmente, Nevermind é um bom álbum.
Dito isso, o sucesso:
Nirvana era uma banda desconhecida pelo público geral, mesmo após ter saído em turnês europeias com o Sonic Youth, esse fator de mistério e desconhecimento talvez tenha ajudado em seu sucesso. A mudança de patamar das vendas e popularidade foi com o lançamento do vídeo clipe na MTV, nem preciso mencionar o nome, aquela lá mesmo, "Smells Like Teen Spirit" no dia 29 de Setembro, durante o programa 120 Minutos.
Smells Like Teen Spirit foi pensado para ser um hit, foi o primeiro single lançado do álbum lá em agosto, só que a música sozinha não vendeu quase nada. Também é a primeira música, tem um vídeo clipe e foi escrita pelo Kurt Cobain com uma grande inspiração de uma banda famosa à época, Pixies, banda que sempre foi muito fã.
Foi a tentativa do Nirvana de fazer um hit, que deu muito certo.
"Eu me identifiquei tanto com aquela banda… Nós usamos o senso de dinâmica deles: [primeiro] ser calmo e leve e depois barulhento e pesado." Dizendo que "Smells Like Teen Spirit" foi sua tentativa de fazer "o hit pop definitivo", ele confessou: "Eu estava basicamente tentando imitar o Pixies". (Far Out Magazine)
Afinal, é um cenário diferente de seu primeiro álbum, em 1991 Nirvana não era mais uma banda independente buscando sobreviver da música, era uma banda-aposta de uma grande gravadora, e as gravadoras querem vender, logo precisam de um produto mais atrativo. O processo criativo de estar dentro do mercado é bem diferente. Você está rodeado de pessoas que entendem da fabrição de hits e tendências do mercado, é melhor aconselhado e dirigido.
É por isso que eu não compro muito a ideia do "Ah o Kurt não queria ser famoso, ele só queria fazer música", é romantizar demais o artista 'indie', se o Kurt Cobain não estivesse pensado em hits, não teria nem gravado o clipe e escrito uma música baseada em outra banda que era MUITO FAMOSA, o Nirvana queria fama sim. Talvez não no nível de proporção que as coisas tomaram, mas em algum grau tinha o interesse de vender ali, o que é perfeitamente normal e compreensivo, qual músico não quer o cenário que o Nirvana estava?
(Existe um sim, NOFX, Rancid, Avail e outras bandas punks tiveram ofertas bem gordas e recusaram, mas aí é papo para outra postagem! Outras nunca tiveram pretensões comerciais, como Fugazi)
Smells Like Teen Spirit é o mais perto que civilização ocidental experimentou de VIDEO VIRAL antes da internet, o clipe era muito mágico de alguma forma carregava consigo um tom de mistério de quem é aquele loirão gritando, um estilo de voz um pouco claro (eu DUVIDO que voce saiba a letra de cabeça), aquelas roupas bem comuns, se gravado no meio da escola e aquela paleta de cor amarelada muito única. Eu diria que a cor daquele clipe é um tempo especial muito forte, é como o vídeo fosse sujo, grunge.
Existe algo de mítico que rodeia esse videoclipe, é como ele fosse o espírito do seu próprio tempo, ou o cheiro...
O clipe de Smells Like Teen Spirit é sinônimo de MTV, foi repassado a exaustão no canal e também tocou nas rádios de todo o mundo, de novo volto naquele ponto que Nirvana é mais adaptável as rádios do que outras bandas alternativas na época. Se tornando um dos singles mais vendidos de todos os tempos, mais de 13 milhões de cópias.
O sucesso do seu single é claro que impulsionou as vendas do álbum, que se tornou o principal álbum da billboard 200 ao começo de 92, chegando a vender entre 300 e 400 mil cópias POR SEMANA. Nirvana com Nevermind conseguiu ultrapassar ninguém menos que o rei do pop, superando as vendas de Dangerous (1991) que saiu no mesmo ano. O fato histórico aconteceu no dia 11 de Janeiro de 1992.
O sucesso do seu single é claro que impulsionou as vendas do álbum, que se tornou o principal álbum da billboard 200 ao começo de 92, chegando a vender entre 300 e 400 mil cópias POR SEMANA. Nirvana com Nevermind conseguiu ultrapassar ninguém menos que o rei do pop, superando as vendas de Dangerous (1991) que saiu no mesmo ano. O fato histórico aconteceu no dia 11 de Janeiro de 1992.
O sucesso de Nevermind foi tão grande que lançou olhares para outros artistas de Seattle, solificando em termos comerciais o movimento grunge. Ao ponto de colocar nas paradas de sucesso álbuns que tinham sido lançados antes. É o caso de Ten (1991) do Pearl Jam, que chegou no número 2 da Billboard 200 e em 92, Ten foi lançado em agosto de 91, um mês antes de Nevermind. Pearl Jam foi construindo o seu sucesos durante o ano de 1992.
No mesmo ano de 1992, no mês de setembro, portanto um ano depois do fenômeno Nevermind, Alice In Chains lança Dirt, um de seus álbums mais aclamados que disparou para um sexto lugar na Billboard 200, que permaneceu no chart por mais de 100 semanas, bem mais do seu "auge" que foi lá pra 94-95, quando chegaram no top por duas oportunidades.
A única banda que não estourou de cara foi Soundgarden, que lança Badmotorfinger (1991), porém também chega ao topo da Billboard em 94, quando o grunge ainda estava em alta, com Superunkwon (1994).
Soundgarden em 199 e sei lá quantos |
Na opinião do próprio Chris Cornell, ele considerava Soundgarden mais diferente das outras bandas grunges, e de fato tem uma pegada diferente, na opinião do próprio:
“Dá pra dizer que essas outras bandas venderam mais que a gente porque 'não somos tão bons quanto elas'. Ou falar que 'é porque somos melhores, que somos artistas de verdade, e não dá pra vender um monte de discos e ser artista de verdade'. Ambos são extremos e eu não acredito em nenhum dos dois. Eu colocaria a gente no meio desse espectro. Não fazemos discos fáceis de vender, que você sabe o que está comprando e com o que está se conectando. Isso é uma coisa que tenho orgulho quando penso no Soundgarden. Que alguém de 15 ou 16, ou até 19 ou 20 anos comprando a nossa música está investindo em algo honesto. Que veio do coração dessa banda e se tornou parte deles e foi honesto.” (Igormiranda.com)
Só para efeitos comparativos, a banda Pixies, mesmo com uma gravadora grande e já com um reconhecimento dentro do cenário músical, só chegou ao máximo na posição 98 na billboard 200, na semana que Pixies chegou à 98, o álbum de rock melhor posicionado G N' R Lies (1989) dos Guns N Roses. Trouxe esse comparativo para desmonstrar o feito das bandas grunge é algo praticamente impossível no cenário do rock alternativo, mesmo com gravadoras grandes.
CONCLUSÃO: UMA TEMPESTADE PERFEITA
Ardilosamente a indústria da música (do rock na real) foi notando que o seu principal produto estava ficando defasado, o hard rock já tinha passado da validade, o Metal foi se separando igual a igreja evangélica em microdenominações, se tornando uma música de nincho, que não vendem tão bem para o público geral quanto astros do rock/metal. O próprio Metallica precisou abandonar o trash para vender pra caralho.
Nirvana era uma excelente aposta por possuir um estilo alternativo, porém mais agradável para pessoas que não conheciam esse tipo de som mais pesado, o estúdio foi até ao Nirvana, e o Nirvana foi até o público com uma música inspirada numa banda indie que já fazia sucesso, aliado ao um vídeoclipe que viralizou em plenos anos 90, saciando os anseios do público que estava carente de boas novidades.
Numa frase? Nirvana era tudo que precisavam.
O grunge virou todo um mercado, afetando até a moda com as calças jeans e camisas flaneladas, mas aí é papo de moda, o nosso blog toca a música apenas.
Ardilosamente a indústria da música (do rock na real) foi notando que o seu principal produto estava ficando defasado, o hard rock já tinha passado da validade, o Metal foi se separando igual a igreja evangélica em microdenominações, se tornando uma música de nincho, que não vendem tão bem para o público geral quanto astros do rock/metal. O próprio Metallica precisou abandonar o trash para vender pra caralho.
Nirvana era uma excelente aposta por possuir um estilo alternativo, porém mais agradável para pessoas que não conheciam esse tipo de som mais pesado, o estúdio foi até ao Nirvana, e o Nirvana foi até o público com uma música inspirada numa banda indie que já fazia sucesso, aliado ao um vídeoclipe que viralizou em plenos anos 90, saciando os anseios do público que estava carente de boas novidades.
Numa frase? Nirvana era tudo que precisavam.
O grunge virou todo um mercado, afetando até a moda com as calças jeans e camisas flaneladas, mas aí é papo de moda, o nosso blog toca a música apenas.
Sassy Magazine dezembro de 91, revista feminina dos anos 90 |
Esse furor infelizmente não durou muito, com o autochurrascamento do Kurt Cobain em 94, tudo deu uma esfriada, as bandas pararam de lançar projetos novos ou migraram para outros estilos, como o próprio Dave Grohl que fundou o Foo Fighters.
A moda do grunge ainda foi tentada ser revivida com algumas bandas de "post-grunge", só que o resultado foram verdadeiras bombas, como a banda hino dos pais divorciados, Creed, a própria Foo Figthers e a melhor das piores: Nickelback!
A moda do grunge ainda foi tentada ser revivida com algumas bandas de "post-grunge", só que o resultado foram verdadeiras bombas, como a banda hino dos pais divorciados, Creed, a própria Foo Figthers e a melhor das piores: Nickelback!
![]() |
"LOOK AT THIS PHOTOGRAPH" |
Um dia talvez eu traga as bandas mais odiadas (com razão) da história da música e a vergonha que o post-grunge tentou emplacar, um beijão na boca de vocês e até a próxima desventura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário