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Clássico: A Chegada de Galactus (Quarteto Fantástico #48 a #50) 1966 - Jack Kirby e Stan Lee

 

Que eu sou marvete todo mundo que me conhece sabe, desde da criação do blog eu acho que nunca falei da DC (correção, há uma postagem sobre o Homem Animal). Mas sem briguinha besta de qual monopólio de mídia é melhor, até porque a Marvel dá de lavada. 

A chegada de Galactus é o famoso clássico que é supervalorizado e realmente tem bastante qualidade, está presente em qualquer boa lista de melhores histórias do Quarteto e foi bastante importante para o universo Marvel como um todo, então venha conhecer melhor tal história. 

Dessa vez vou fazer a análise numa ordem diferente, acho que fica melhor quando se trata de um clássico.

Primeiro ponto, personagens:
Se tem uma coisa que a era de ouro da Marvel (que na verdade era de prata) fazia com maestria é dar profundidade nos personagens, realmente são pessoas comuns com superhabilidades (isso fica mais evidente em X-Men), só para efeitos de comparação com os heróis da DC, que são praticamente semi-deuses lidando com questões mortais, isso quando não são literalmente semi-deuses como o caso da Mulher Maravilha. Tais heróis mais "semideuses" geralmente são motivados por um único sentimento em todas as histórias, o Batman tem a vingança como motivador "Eu sou a vingança", fazendo que as vezes, a depender do escritor, faça um personagem raso, imerso num universo bem rico de personagem e principalmente os vilões. Evidente que: Esses heróis da DC são da era de ouro dos quadrinhos, ou seja uns 30 anos atrás dos personagens mais famosos da Marvel, então se tinha outro entendimento, outra visão de herói, outro público e etc, então nesse ponto, a comparação é injusta, sim, mas foi feita para fins elucidativos. 

Alínea: tem histórias que heróis não-marvel tem sua personalidade mais profundidade e densa (tal qual a noite), mas aí já são histórias posteriores aos anos 60, muito por influência, também, do jeito Marvel de produzir.  E apesar de gostar do Batman, eu acho a essência do personagem rasa em várias histórias.

É no sentido que falo por exemplo do Ben Grimm, O Coisa, um simples homem que teve seu corpo transformado em pedra, não sendo um herói por motivos morais, por achar que está fazendo a coisa certa, mas sim por o Quarteto Fantástico ser o único lugar que o acolhe, até porque ele não tem nenhuma passividade como "ser humano normal", o Tocha Humana pode rodar pela praça sem receber olhares ou assustar pessoas quando sai de um beco escuro, o mesmo vale pra mulher invisível que pode SUMIR e Reed Richards, o Ben não, ele é "o coisa" por 100% do tempo, não havendo outras possibilidades de vida senão bater nas coisas, algo que serve de consolo em algumas situações. O Ben é um personagem bastante denso (nos dois sentidos) não sendo movido apenas pela raiva incondicional, como é comum nesse arquétipo do gigante-forte,  como o Hulk, esse personagem forte, burrão e irritado sempre. Nem aquele gigante-gentil carismático como o Holdor, ele sobrevoa ambos os arquetipos, tendo uma personalidade própria e sendo um personagem até um pouco relatável algumas vezes.

Ben Grimn (eu fico mal chamar o coitado de Coisa gente), assim como outros personagens Marvel, tem problemas bem específico, não problemas genéricos que outros heróis tem, tipo descobrir a identidade dele, afinal, ele justamente a perdeu. Para sempre. Então no lugar de se esconder por de trás de uma máscara, Ben só queria voltar a ser "normal" novamente. Sofrendo problemas de abandono e autoestima (algo justificável, porque é feio mesmo).

Arriscaria dizer que é meu personagem favorito (dos anos 60)

Essa história, apesar de não ser a melhor, mas é essa história que precede a melhor edição que serve para entender o conceito do Coisa, na história seguinte #51 mostra muito o quão ele é meio esquecido do grupo. Posso trazer a edição 51 em outro momento. Pra fechar a ideia do Ben, não diria que ele é irritadinho, apenas meio cansado dessa palhaçada de ser herói, por isso parte logo pra mão, porque é a única coisa que ele pode fazer sendo uma pedra de 1 metro e 80 e 225 kilos. Enquanto os bancados a bons moços ficam debatendo ele vai pro pau e foda-se, se derrubar ganhamo. Dos meus.  

chega um ser cósmico inter galático? TÁ NA HORA DO PAU!


Apesar de soar machista, talvez, mas é interessante de observar a Susan reclamando da falta de atenção do Reed perante ao casamento, pois ele só vive enfiado em seu laboratório e suas vaidades, isso inclui viver essa fantasia de ser heroizinho e salvar o mundo, Cristo, eu odeio o Reed Richards, pra mim é um dos maiores sacanas a Marvel Comics, eu odeio Reed Richards na mesma medida que amo Ben. Pois, esse detalhe de reclamar da relação e ter um mini-DR de começo de casamento é o tipo de profundidade que dá mais personalidade aos personagens, por mais que seja um mero detalhe que mal dura meia página. Ainda mais pela limitação da época da Sue ser só a mulher ranzinza que fica reclamando das coisas enquanto o marido está trabalhando e focado em coisas mais importantes (seu próprio ego)

Gosto desse quadro em específico, apesar das limitações da época

Esse corpo da Susan é pin up total, sem condições

Outra coisa que mostra a vaiadade do Reeds é ele fazendo a barba logo depois de encontrar Galactus, sem a menor preocupação, o dito líder do Quarteto tira o tempo para ficar com a cara lisa enquanto uma ameaça promete DIZIMAR o planeta terra

olha esse tabacudo

Eu tenho outros problemas com a Sue, ele é bem mais poderosa que a maioria das histórias mostram, aliás é até meio irônico ela ser a mulher invisível porque ela realmente tem uma personalidade bastante apagada nessas histórias mais antigas, aliás, parece que é apenas uma dona de casa média que consegue ficar invisível e criar campos de força, mas para elaborar uma crítica mais aprofundada precisaria ler mais dos quadrinhos dessa época, assim farei em breve.

Johnny tá bem juvena nessa mini saga, não aparece tanto, apesar de fundamental para a história. Tem uma cena muito boa que é ele descendo a mão em CIVIS, um fator que achei muito engraçado pra falar verdade. Nada que os sujeitos não tenham merecido também.

O cara é fogo, não de ferro, pô!

Agora que extraí a nata, vamos falar a história em si, a premissa é bastante simples, Galactus, o devorador de mundos, está chegando para passar a rapa nos oceanos do planeta terra. Começa o processo com um azeitinho a fogo médio, incendiando a atmosfera do planeta, uma cena que parece uma típica propaganda anticomunista da época.

Jack Kirby é doutro mundo, cara.

A bola de fogo é transformada em pedras pelo Vigia, aquele mesmo que só anota os acontecimentos do universo, mas não interfere em nenhum, na verdade não deveria, mas o bichinho é teimoso e faz uma presepadas dessas de vez em quando. ATÉ PORQUE SE O MUNDO ACABE NA EDIÇÃO 48 DE QUARTETO FANTÁSTICO NÃO TERÍAMOS MAIS HISTÓRIAS.

Bem como decide, por sua livre vontade, ajudar o quarteto a derrotar o vilão da vez aqui. O poderoso Galactus, mais do que isso, o poder materializado 

Galactus é uma figura interessante, apesar de meio bruto e se referir a si mesmo em terceira pessoa, não é um típico vilão da era de prata, como o Dr. Destino, ele apenas é uma espécie de divindade tentando bater sua meta calórica do dia, como ele é celestial, devora planetas, em sua imensa maioria desabitados, mas alguns diálogos do Surfista Prateado (fazendo sua estreia aqui) indica que talvez ele tenha comigo uns etzinhos por aí...

Galactus é uma força da natureza, não age pela maldade, age por agir, e sua ação é uma ameaça maligna para nós, mas quem somos nós perante o infinito do universo? O que importa? Somos um grão de areia no meio da praia, talvez a aniquilação do nosso planeta, chamado terra, não faria diferença para os cosmos, assim argumenta Galactus, somos meras formigas atrapalhando sua vontade, que não pode ser contrariada 

Eu acabei omitindo a vinda do Surfista Prateado para a terra. Te falar uma coisa, o surfista prateado tinha tudo pra ser a bosta mais genérica do universo Marvel, uma coisa prateado numa prancha passeando pelo espaço, como isso pode ser interessante? É. No começo ele era um mero cumpridor de ordens do Galactus, até ser nocauteado advinhe-por-quem e cair na casa de Alice Masters, a namorada do Ben Grimm. O surfista é estritamente profissional, não perde tempo nem comendo, pois pode só pulverizar a matéria e transformar em energia, algo parecido com Galactus está se lambendo pra fazer. 

"calma moreno, você não é assim moreno"

Essa excelente rima visual dele sumindo com o alimento e os moveis enquanto fala dos planos de seu mestre faz que Alice entre em desespero! O convencendo a ter compaixão da humanidade, fazendo que o surfista, que sempre muito profissional e rápido nunca teve tempo de contemplar alguma coisa, alguma reflete em seus atos, e aprende o sentimento de compaixão e humanidade. Fazendo que seja uns dos personagens mais filosóficos da Marvel,  vale acompanhar algumas histórias dele. 

Pela conversa, vocês estão vendo que a história vai terminar com "a verdadeira energia são os amigos que fazemos pelo caminho, o amor venceu" e sim, é exatamente isso. Apesar dos personagens Marvel serem densos, seus roteiros não são. Então termino sobre a história aqui. 

Mesmo sendo meio água com açúcar tem um ritmo muito gostosinho de acompanhar e poxa, são só 3 quadrinhos, tudo bem sintetizado e daria uma excelente adaptação, pelo seu tamanho, mas os filmes do Quarteto tomaram outros sentidos e decisões para qual, apesar do surfista aparecer no filme, são nos eventos pós chegada de Galactus. 
Existe uma adaptação para desenho animado que saiu em 67, um ano depois. Visualmente é um a bosta, mas é relativamente fiel a história original, exceto pelo fato da Alice simplesmente não existir nessa adaptação. Mas sintetiza bem em 20 minutos a ideia do quadrinho original

Com vocês, o Surfista Embaçado!

No mais, não há no que elogiar a arte do Jack Kirby sem chorar de emoção de tão belo são os painéis que esse sujeitinho tinha a oferecer, vou poupar palavras, essa arte cósmica do Kirby é a cara da Marvel e veio das mãos dele. A seguir sequência de imagens


Enfim, recomendado, mais do que isso, obrigação para qualquer um que se interesse na matéria de quadrinhos. 

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