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Quadrinhos, música brasileira e outras coisas a mais. É somente requentar e usar! Made in Brasil

Mamilos são polêmicos! Novos X-Men (#114 a #154) Grant Morrison e Frank Quitely

 

Neste blog apreciamos o bom trabalho e contribuições do Grant Morrison!

Já que citei bastante essa fase dos X-Men na minha última resenha, nada mais justo do que fazer uma resenha desta também. Os Novos X-Men é uma obra que divide opiniões entre os fãs do mutunas, alguns acham ruim, outros acham uma bomba. Brincadeira a parte, a obra é bastante importante o suficiente para não ser chamada de ruim, todavia é não-bem-feita o suficiente para ser chamado de boa, ou obra prima, ou o padrão de qualidade Morrison.

Qualquer veredito que consiga resumir numa única frase está incorreto, apenas. Tem relativamente um tempo que li, mas ainda lembro de algumas coisas, então vai ser só uma opinião geral, não uma análise minuciosa como a anterior 

confira minha resenha dos Surpreendentes X-Men 

Resumidamente: New X-Men
Edições: #114 até #154
Criadores: Grant Morrison e Frank Quitely
Editora: Marvel 
Ano: 2001
Acha fácil? Sim.

AVISO: A resenha pode conter spoilers da obra, não vou ficar contando pedaço por pedaço, mas preciso falar de alguns momentos chaves, fique avisade  


Arte, muitas mãos pra pouco carinho.

A Marvel poderia ser processada por propaganda enganosa (artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor), porque geralmente a HQ é apresentada como fosse do Morrison e do Quitely, só que o Quitely dá um quit e praticamente não desenha nada da série, esse talvez seja o ponto mais fraco, a inconsistência visual, o que não é por se só um problema, mas tem algumas edições que parecem que foram feitas nas coxas, sabe? De maneira açodada. Sobre a arte do Quitely em si, no que ele desenhou, eu acho que ele tem trabalhos melhores.

#138, todo mundo com cara de ex-BBB (harmonização facial)

O Quitely tem esse 'problema' que a gringa chama de same face syndrome algo que no português pode ser chamado de "síndrome do mesmo rosto" quando todos os personagem tem a mesma cara, essa carinha grande é o traço mais memorável do estilo do Frank Quitely, nada de absurdo, só algo engraçado que é relativamente comum aos quadrinistas. As cores são um pouco desaturadas, uma escolha bem mais soft com bastante preto/cinza, dando um ar mais corporativo aos mutantes, no lugar dos velhos trajes de super-herói, um ar mais padronizado, menos a Emma Frost, e aí, eu PRECISO comentar a capa mais polêmica dos X-Men
Edição 116
Essa BIZARRICE, que é capa da edição 116, eu não gosto nem de lembrar. Uma das coisas mais desgostosas já feita.
Olhando agora o Torax dela forma um X né? A ideia foi até boa.

E onde mora o ponto fraco na questão gráfica dos Novos X-Men? A instabilidade, porque o Frank Quitely teve que se ausentar bastante, eu diria até que ele é o quadrinista que menos desenha em toda saga, ocorrendo até uma mudança abrupta de visual dos mutantes 

 
#139 e #138

Por exemplo, quando acaba o arco do Kid Omega, o Logan está com cabelos longos e aquela barbinha de Marcus Fenix (Gears of War) nas mãos do Quitely, na edição seguinte onde quem assume é o Phil Jiminez, o Logan está TOTALMENTE diferente, e não há qualquer lapso temporal entre elas. É estranhíssimo, mas o Logan tá longe de ser o principal aqui, nada que vá atrapalhar a experiência, só um estranhamento. Grant Morrison assina todas as edições no roteiro, e os outros artistas fora o Quitely, assinam o Igor Kordey, Phil Jiminez (uns dos meus favoritos), Ethan Van Sciver, John Paul Leon (RIP) e Chris Bachalo numa edição específica, alguns deles já costumam trabalhar com o Morrison. Devo ter esquecido de alguém.

Não quero ficar tacando hate, ou chamando de ruim trabalho alheio, talvez tenham sido coisas como prazos em cima da hora, ambiente editorial horrível (Novos X-Men) sofreu bastante com isso, mas coitado, tudo que o Igor Kordey bota a mão nessa saga é sofrido de ler, porque assim: Não é muito comum leitores de gibi darem tanta atenção para o imagem, falando assim até parece uma frescura, mas pra mim, eu valorizo bastante a questão gráfica porque um quadrinho mal escrito e bem desenhado dá pra ler tranquilamente, agora um quadrinho mal desenhado e bem escrito não dá um desanimo? 

#129
E respeito o trabalho e estilo do Kordey, só não me agradou nessa saga em específico. Parando de pisar em ovos, as cores, os ângulos, o traço meio grosseiro, as texturas principalmente as cores, nossa...
#119, Wolverine Trump



#119
Mas ok, sendo justo com o Kordey, vou culpar os possíveis prazos insanos que foram dado a ele, tanto que nas edições do arco relativo ao Phantomex, tá decente. (Sendo justo, o scan que eu tive acesso tava meio crocante, aquela imagem gostosa quase jpeg.)

Esse tipo de comparação só acontece pela instabilidade da saga, vários artistas botando a mão. Há edições que são belíssimas, em especial a #127 que é um pouco desconexa com o resto da história, continua sendo linda, assinada pelo Jonh Paul Leon, uma maravilha mesmo, tanto o roteiro, tanto a arte, é o quadrinho de toda a saga, 

#127
Aliás o Leon manda MUITO nas poucas edições que pegam aqui, é traço lindo. Grande perda pros quadrinhos a morte do John Paul Leon.
#131, olha a gaia aí minha gente


Outro arco que é um aesthetically pleasing  é o Ataque do Arma Extra (#142 a #145) que beiram a perfeição, é lindo, o traço é lindo, as sequências de ação são recheadas, os ângulos, a utilização de imagens vazadas como a sequência de abertura no cabaré, as cores, tudo isso feito pelo Chris Bachalo, e vou deixar algumas imagens desse arco: 



Os demais artistas fazem um feijão com arroz, apesar que o Ethan Van Sciver, mesmo não sendo o desenhista original, pegou muito bem qual é a vibe dos Novos X-Men, eu diria até que executou melhor do que o próprio Frank Quitely, porque pelo menos ele aparece mais.
Ethan Van Sciver, #133, essa edição é terrível (o roteiro*)


Phil Jiminez, #140


*rola um white-savior muito sem noção, do professor Xavier salvando um avião de um perigoso terrorista paquistanês, além do terrorista ser retratado da forma mais estereotipada possível. Esse ataque ao avião não acrescenta em porra nenhuma.

Em relação aos trajes, realmente eles estão mais para uniformes, pique de empresa mesmo, um pretinho e amarelo básico, e todos mais padronizados, em relação ao design dos personagem fica difícil de falar porque cada artista desenhou de um jeito, só ver o Wolverine como mostrei a cima, todavia o fera tá bem diferente dos anteriores, mais bestial fisicamente e SEM AQUELAS PONTINHAS no cabelo, penteado pra trás, na maioria das edições se fosse para eleger o melhor design  de personagem (tirando pelo novos !!) eu colocaria o Fera em primeiro lugar: 

Hank McCoy no shape, #140 

Depois de toda essa exposição, dá pra classificar graficamente os Novos X-Men como bom ou ruim? De forma nenhuma, apenas instável. 

Roteiro caótico

Grant Morrison é o papo de boteco materializado, aquela ideia viajada, aqueles conceitos bem longe do ponto e que bom! É o seu maior triunfo, até bacana ter no meio dos quadrinhos sempre aquele que sai da mesmice (e consegue colocar na prática claro), talvez tenha sido chamado pra isso, mas... Aqui ele peca pelo excesso.

Como dizem: "é melhor pecar pelo excesso do que pela omissão" se mostra verdade aqui, com muito 'poréns'.

É inegável que Grant Morrison traz consigo vários conceitos foderosos para o universo Marvel neste seu trabalho de despedida. Partido do básico, Morrison encarou a mutação de uma forma bastante diferente aqui, com uns poderes "esquisitos" (tipo em um moleque é um PEIDO vivo; a Martha que é um cérebro, coitada, um que não tem pele é só uma geleia, a mina de areia que some, na saga, não é poder) e nem sempre muito funcionais, a exemplo do mutante inicial que só tem uns 3 rostos e nada além do que isso - aliás morre de cara não durou nem a primeira edição. Claro que os mutantes "não-funcionais" são secundários, mas nem por isso deixam de ser bem desenvolvidos, o melhor exemplar é Barnell Bohusk, apelidado na maldade de bico, trata-se de um mutante que é só um pássaro humanoide (que nem voa direito), um tipo de pet do Morrison que acompanha a história dos Novos X-Men do começo ao fim. Com todas suas contradições e questões internas, é o tipo de mutante que vira-e-mexe aparecem nas listas dos "mutantes mais bizarros", quem faz esse tipo de coisa não entendeu a mensagem dos quadrinhos, sinceramente. 
Sacanagem com meu mano Bico...

Gosto muito do bico, ele é um mutante com a cara dos X-Men (adolescentes com problemas). Podemos dizer que os mutantes aqui tem menos "passibilidade" numa sociedade de humanos, é bem diferente dos X-Men saradões dos anos 90. 


Jim Lee e seus pôsteres de academia


Na lista de inovações positivas tem o conceito de 'segunda mutação' que é bastante interessante e abre um leque enorme de possibilidades, a que chegou pra ficar é a transformação da Emma Frost em diamante, uma blindagem de diamante que tá presente em toda obra dos mutantes depois dos Novos X-Men. Falando em Emma, tem todo arco da relação extraconjungal do Scott com ela, eu não sei se isso é anterior, mas aqui é bem aprofundado e mostra a diferença da Emma Frost dos demais X-Men, não possui ética nenhuma enquanto sensitiva (usar os poderes para ter um caso é algo que possa ultrapassar a ética mutante, mas é interessante).

Antes que eu me esqueça, na minha opinião de leitor a ideia mais fora da casinha que o Morrison trouxe consigo FOI QUE A ARMA X NÃO É X DE GENE X, MAS SIM DE X DE 10, ALGARISMO ROMANO, fazendo uma extraordinária costura que vai do Capitão América, Nuke (da Queda de Muddrock) até o Wolverine, na verdade até o Phantomex (e além), que dos personagens novos é uns dos meus favoritos. Então assim, foi uma inversão total de conceito apenas observando a grafia da palavra, isso é pensar além do objeto, muito além.

Devem ter mais coisas, isso é o que se salva do caldeirão de ideias dos Novos X-Men, e aí moram os problemas, os quadrinhos foram utilizados como um laboratório da cuca do Grant Morrison, que traz elementos que são muito bem utilizados fora da saga, mas na saga é um completo desastre. 

É tipo os cientistas do século 19 e 20 utilizando Raio X pela primeira vez, comendo elementos da tabela periódica para saber as propriedades, Freud tratando pacientes com cocaína e todas as coisas fofas que prática científica fazia antigamente, hoje são de bom uso e úteis, mas na época foi um completo desastre também.
 
"Um pequeno preço a se pagar pela salvação."


O que pega é tudo é jogado ao mesmo tempo, os 'SENTINELAS NATURAIS' da Cassandra Nova e um genocídio de 16 milhões de mutantes em Genosha, os U-Men, o Kid Omega e não-sei-que, não-sei-o-que, não-sei-o-que, são elementos que sozinhos tem potencial o suficiente para desenvolver uma saga INTEIRA, mas JUNTOS não funcionam, porque fica um ideia boa em cima de outra ideia, e acaba que nenhuma ideia se desenvolve de fato, como dizem os populares, "nem o mel e nem a cabaça".

Se bem que qualquer um desses conceitos se tornariam inúteis com a vinda da Dinastia M né!? Mas custava nada trazer :(

Eu fui tapeado pelo carequinha da massa, jurava que a história seria sobre os U-Men, que seria algo do caralho de bom, uma empresa privada que mutila mutantes para criar mutações artificiais, esse é o conceito inclusive do jogo X-Men Destiny (2011) e funciona bem demais, então obrigado Grant Morrison por ter trazido esse conceito, apesar de eu ainda estar magoado de você não ter utilizado ele a fundo na sua saga!

Por isso fica meio difícil de analise uma trilha narrativa de roteiro, já que as coisas só acontecem em micro arcos, são batidas no liquidificador e a gororoba que resta é o quadrinho. Em relação as escolhas, os X-Men são construídos praticamente do zero, sem o Magneto, olha só, que escolha narrativa arriscada para uma história dos mutantes, é como uma história do Batman sem o Coringa, ou uma história do Homem Aranha onde ele não é pobre ou não perde uma figura paterna importante na vida dele (coisa que nem faz sentido falando assim, imagine se já fizeram isso heinnn), Jean Grey aparece como líder nata dos X-Men enquanto o Cyclops é só um homem em crise conjugal porque não está recebendo chamego de sua amada, caindo nos braços psíquicos da amante, no finalzinho bem na raspa termos Wolverine curioso atrás do seu passado e o que termos de desenvolvimento de relações é bom, mas não aparece tanto, pelos motivos que coloquei acima. 

Ah, e o Professor Xavier deixa de ser cadeirante na maioria do quadrinho, apenas um fato.

Sendo justo, o único personagem que tem meio começo e fim é o Phantomex, Arma Treze (eu acho) um superladrão com sotaque francês, um baita personagem, carismático, habilidoso e rendeu belas sequências de ação, tá aí algo que seria adaptado pro cinema sem muita dificuldade, mas dificilmente algum estúdio colocaria em tela, não é tão popular. Vou procurar mais histórias em que ele aparece. 

Então Grant Morrison genuinamente na boa intenção, decide iniciar os X-Men com elementos que ele próprio coloca, viajando nas próprias ideias, se afastando ao máximo de qualquer coisa anterior, exceto elementos fulcrais como a fênix, que sim, Jean Grey morre de novo, a Fênix aparece de novo porque Morrison não conseguiu sustentar a sua aposta e tira o Magneto da bunda, terminando assim a saga, tendo um final brochante e a retcon mais REVOLTANTE que já presenciei. Queria poder eu escrever o quanto fiquei puto da forma que o Magneto apareceu. 

nunca te perdoarei sir Grant Morrison.

Calma, eu vou explicar, é criado uns dos personagem mais carismáticos e inovadores dos mutantes, o Xorn, que não tem nenhuma habilidade ofensiva, é apenas um curandeiro chinês, o personagem é excelente, suas passagens são incríveis, era o meu favorito, sendo honesto.Do nada, do nadinha mesmo é revelado que esse tempo inteiro, dele sendo o melhor personagem dos Novos X-Men, era o Magneto na mutuca, algo que não faz sentido e só prejudicou uma série que não era tão ruim assim, foi tudo pro espaço nessa escolha.

"Veja como eles massacraram meu garoto"

Meu mano Xorn, você não será esquecido. 

E veja bem, talvez a escolha tenha sido editorial, ninguém sabe o que rolou nos bastidores, mas a real mesmo é que o Magneto estava funcionando muito enquanto um mártir, alguém que era pôster de parede, era camisa, era bordão, do que vivo. Simples assim. O Magneto não foi esquecido da história, ele só não estava vivo e nem precisava, pelo visto não tiveram uma ideia melhor e tomaram o caminho mais preguiçoso possível, o personagem de história de heroizinho é um nazista (sim, o Magneto é apresentado como um NAZISTA mesmo) que vira ditador e ai minha nossa, alguém pare esse fascista. Caminho preguiçoso. Final horrível, a Fênix aparece e acaba com tudo, igual sabe o que? X-Men 3. 

"De novo não, esse filme de novo nãooo"
(Apesar que o final da saga é muito melhor do que X-Men 3.) 

Enfim, sobre as questões politicas, é interessante um tempero por cima de uma ideia de cultura mutante e o surgimento de uma figura populista rebelde o Kid Ômega, que destruiu o instituto Xavier pela terceira vez só nessa saga, pelo menos na minha contagem. Mesmo sendo um conceito interessante infelizmente durou só 4 edições, assim tudo que é bom nessa HQ, dura pouco.
As escolhas tomadas são ruins, não todas, mas muita delas. 

Em linha gerais, Os Novos X-Men do Grant Morrison e Frank Quitely (quando aparece) é um clássico. Poderia ter sido muito mais do que foi, mas o status de clássico ninguém tira, sofre com excesso de boas ideias que são aproveitadas depois, mas a sua obra em si é sofrido de terminar, porque Magneto nazista foi posto de uma forma tão preguiçosa que me fez querer as outras 40 edições de volta.

Não é um clássico pela sua qualidade, mas por sua importância para história do gênero, tanto quadrinhos como X-Men.

Na verdade, depois de todo anteposto, até difícil de definir se essa obra é boa ou ruim. Ela não pode ser chamada de ruim porque é mega importante para história dos mutantes e tem ideias incríveis que contribuíram muito para os quadrinhos; Porém, é uma obra bagunçada, sem coesão interna em alguns pontos e tem o pior final possível, de todos os cenários, esse era o pesadelo do pessimista.

Magneto nazista velho, como pode, acabaram com meu xodó pra isso?   

A questão é nem se você deveria ler ou não, você vai ler um dia sim, isso se for realmente fã dos X-Men e poder formar a sua própria opinião negativa sobre. Apesar das falhas, os Novos X-Men não podem ser ignorados, com todas as suas nuances a obra ainda vale a pena conhecer (até porque não há opção em relação a isso)

Pós-créditos: duas imagens que não achei contexto para colocar no texto

O Fera me agrada bastante nesse quadrinhos 

O Fera se declara gay após tomar um fora de uma jornalista famosa, só um detalhe curioso que não deveria ser passado batido. 




  

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