Neste blog apreciamos o bom trabalho e contribuições do Grant Morrison!
Já que citei bastante essa fase dos X-Men na minha última resenha, nada mais justo do que fazer uma resenha desta também. Os Novos X-Men é uma obra que divide opiniões entre os fãs do mutunas, alguns acham ruim, outros acham uma bomba. Brincadeira a parte, a obra é bastante importante o suficiente para não ser chamada de ruim, todavia é não-bem-feita o suficiente para ser chamado de boa, ou obra prima, ou o padrão de qualidade Morrison.
Qualquer veredito que consiga resumir numa única frase está incorreto, apenas. Tem relativamente um tempo que li, mas ainda lembro de algumas coisas, então vai ser só uma opinião geral, não uma análise minuciosa como a anterior
confira minha resenha dos Surpreendentes X-Men
Resumidamente: New X-Men
Edições: #114 até #154
Criadores: Grant Morrison e Frank Quitely
Editora: Marvel
Ano: 2001
Acha fácil? Sim.
AVISO: A resenha pode conter spoilers da obra, não vou ficar contando pedaço por pedaço, mas preciso falar de alguns momentos chaves, fique avisade
#138, todo mundo com cara de ex-BBB (harmonização facial) |
Edição 116 |
Olhando agora o Torax dela forma um X né? A ideia foi até boa.
#139 e #138 |
Não quero ficar tacando hate, ou chamando de ruim trabalho alheio, talvez tenham sido coisas como prazos em cima da hora, ambiente editorial horrível (Novos X-Men) sofreu bastante com isso, mas coitado, tudo que o Igor Kordey bota a mão nessa saga é sofrido de ler, porque assim: Não é muito comum leitores de gibi darem tanta atenção para o imagem, falando assim até parece uma frescura, mas pra mim, eu valorizo bastante a questão gráfica porque um quadrinho mal escrito e bem desenhado dá pra ler tranquilamente, agora um quadrinho mal desenhado e bem escrito não dá um desanimo?
#129 |
#119 |
Esse tipo de comparação só acontece pela instabilidade da saga, vários artistas botando a mão. Há edições que são belíssimas, em especial a #127 que é um pouco desconexa com o resto da história, continua sendo linda, assinada pelo Jonh Paul Leon, uma maravilha mesmo, tanto o roteiro, tanto a arte, é o quadrinho de toda a saga,
#127 |
#131, olha a gaia aí minha gente |
Outro arco que é um aesthetically pleasing é o Ataque do Arma Extra (#142 a #145) que beiram a perfeição, é lindo, o traço é lindo, as sequências de ação são recheadas, os ângulos, a utilização de imagens vazadas como a sequência de abertura no cabaré, as cores, tudo isso feito pelo Chris Bachalo, e vou deixar algumas imagens desse arco:
Ethan Van Sciver, #133, essa edição é terrível (o roteiro*) |
Phil Jiminez, #140 |
*rola um white-savior muito sem noção, do professor Xavier salvando um avião de um perigoso terrorista paquistanês, além do terrorista ser retratado da forma mais estereotipada possível. Esse ataque ao avião não acrescenta em porra nenhuma.
Hank McCoy no shape, #140 |
Grant Morrison é o papo de boteco materializado, aquela ideia viajada, aqueles conceitos bem longe do ponto e que bom! É o seu maior triunfo, até bacana ter no meio dos quadrinhos sempre aquele que sai da mesmice (e consegue colocar na prática claro), talvez tenha sido chamado pra isso, mas... Aqui ele peca pelo excesso.
Como dizem: "é melhor pecar pelo excesso do que pela omissão" se mostra verdade aqui, com muito 'poréns'.
É inegável que Grant Morrison traz consigo vários conceitos foderosos para o universo Marvel neste seu trabalho de despedida. Partido do básico, Morrison encarou a mutação de uma forma bastante diferente aqui, com uns poderes "esquisitos" (tipo em um moleque é um PEIDO vivo; a Martha que é um cérebro, coitada, um que não tem pele é só uma geleia, a mina de areia que some, na saga, não é poder) e nem sempre muito funcionais, a exemplo do mutante inicial que só tem uns 3 rostos e nada além do que isso - aliás morre de cara não durou nem a primeira edição. Claro que os mutantes "não-funcionais" são secundários, mas nem por isso deixam de ser bem desenvolvidos, o melhor exemplar é Barnell Bohusk, apelidado na maldade de bico, trata-se de um mutante que é só um pássaro humanoide (que nem voa direito), um tipo de pet do Morrison que acompanha a história dos Novos X-Men do começo ao fim. Com todas suas contradições e questões internas, é o tipo de mutante que vira-e-mexe aparecem nas listas dos "mutantes mais bizarros", quem faz esse tipo de coisa não entendeu a mensagem dos quadrinhos, sinceramente.
Sacanagem com meu mano Bico... |
Jim Lee e seus pôsteres de academia |
Antes que eu me esqueça, na minha opinião de leitor a ideia mais fora da casinha que o Morrison trouxe consigo FOI QUE A ARMA X NÃO É X DE GENE X, MAS SIM DE X DE 10, ALGARISMO ROMANO, fazendo uma extraordinária costura que vai do Capitão América, Nuke (da Queda de Muddrock) até o Wolverine, na verdade até o Phantomex (e além), que dos personagens novos é uns dos meus favoritos. Então assim, foi uma inversão total de conceito apenas observando a grafia da palavra, isso é pensar além do objeto, muito além.
Devem ter mais coisas, isso é o que se salva do caldeirão de ideias dos Novos X-Men, e aí moram os problemas, os quadrinhos foram utilizados como um laboratório da cuca do Grant Morrison, que traz elementos que são muito bem utilizados fora da saga, mas na saga é um completo desastre.
É tipo os cientistas do século 19 e 20 utilizando Raio X pela primeira vez, comendo elementos da tabela periódica para saber as propriedades, Freud tratando pacientes com cocaína e todas as coisas fofas que prática científica fazia antigamente, hoje são de bom uso e úteis, mas na época foi um completo desastre também.
"Um pequeno preço a se pagar pela salvação." |
O que pega é tudo é jogado ao mesmo tempo, os 'SENTINELAS NATURAIS' da Cassandra Nova e um genocídio de 16 milhões de mutantes em Genosha, os U-Men, o Kid Omega e não-sei-que, não-sei-o-que, não-sei-o-que, são elementos que sozinhos tem potencial o suficiente para desenvolver uma saga INTEIRA, mas JUNTOS não funcionam, porque fica um ideia boa em cima de outra ideia, e acaba que nenhuma ideia se desenvolve de fato, como dizem os populares, "nem o mel e nem a cabaça".
Se bem que qualquer um desses conceitos se tornariam inúteis com a vinda da Dinastia M né!? Mas custava nada trazer :(
Eu fui tapeado pelo carequinha da massa, jurava que a história seria sobre os U-Men, que seria algo do caralho de bom, uma empresa privada que mutila mutantes para criar mutações artificiais, esse é o conceito inclusive do jogo X-Men Destiny (2011) e funciona bem demais, então obrigado Grant Morrison por ter trazido esse conceito, apesar de eu ainda estar magoado de você não ter utilizado ele a fundo na sua saga!
Por isso fica meio difícil de analise uma trilha narrativa de roteiro, já que as coisas só acontecem em micro arcos, são batidas no liquidificador e a gororoba que resta é o quadrinho. Em relação as escolhas, os X-Men são construídos praticamente do zero, sem o Magneto, olha só, que escolha narrativa arriscada para uma história dos mutantes, é como uma história do Batman sem o Coringa, ou uma história do Homem Aranha onde ele não é pobre ou não perde uma figura paterna importante na vida dele (coisa que nem faz sentido falando assim, imagine se já fizeram isso heinnn), Jean Grey aparece como líder nata dos X-Men enquanto o Cyclops é só um homem em crise conjugal porque não está recebendo chamego de sua amada, caindo nos braços psíquicos da amante, no finalzinho bem na raspa termos Wolverine curioso atrás do seu passado e o que termos de desenvolvimento de relações é bom, mas não aparece tanto, pelos motivos que coloquei acima.
Sendo justo, o único personagem que tem meio começo e fim é o Phantomex, Arma Treze (eu acho) um superladrão com sotaque francês, um baita personagem, carismático, habilidoso e rendeu belas sequências de ação, tá aí algo que seria adaptado pro cinema sem muita dificuldade, mas dificilmente algum estúdio colocaria em tela, não é tão popular. Vou procurar mais histórias em que ele aparece.
Então Grant Morrison genuinamente na boa intenção, decide iniciar os X-Men com elementos que ele próprio coloca, viajando nas próprias ideias, se afastando ao máximo de qualquer coisa anterior, exceto elementos fulcrais como a fênix, que sim, Jean Grey morre de novo, a Fênix aparece de novo porque Morrison não conseguiu sustentar a sua aposta e tira o Magneto da bunda, terminando assim a saga, tendo um final brochante e a retcon mais REVOLTANTE que já presenciei. Queria poder eu escrever o quanto fiquei puto da forma que o Magneto apareceu.
nunca te perdoarei sir Grant Morrison. |
Calma, eu vou explicar, é criado uns dos personagem mais carismáticos e inovadores dos mutantes, o Xorn, que não tem nenhuma habilidade ofensiva, é apenas um curandeiro chinês, o personagem é excelente, suas passagens são incríveis, era o meu favorito, sendo honesto.Do nada, do nadinha mesmo é revelado que esse tempo inteiro, dele sendo o melhor personagem dos Novos X-Men, era o Magneto na mutuca, algo que não faz sentido e só prejudicou uma série que não era tão ruim assim, foi tudo pro espaço nessa escolha.
"Veja como eles massacraram meu garoto" |
E veja bem, talvez a escolha tenha sido editorial, ninguém sabe o que rolou nos bastidores, mas a real mesmo é que o Magneto estava funcionando muito enquanto um mártir, alguém que era pôster de parede, era camisa, era bordão, do que vivo. Simples assim. O Magneto não foi esquecido da história, ele só não estava vivo e nem precisava, pelo visto não tiveram uma ideia melhor e tomaram o caminho mais preguiçoso possível, o personagem de história de heroizinho é um nazista (sim, o Magneto é apresentado como um NAZISTA mesmo) que vira ditador e ai minha nossa, alguém pare esse fascista. Caminho preguiçoso. Final horrível, a Fênix aparece e acaba com tudo, igual sabe o que? X-Men 3.
"De novo não, esse filme de novo nãooo" |
Enfim, sobre as questões politicas, é interessante um tempero por cima de uma ideia de cultura mutante e o surgimento de uma figura populista rebelde o Kid Ômega, que destruiu o instituto Xavier pela terceira vez só nessa saga, pelo menos na minha contagem. Mesmo sendo um conceito interessante infelizmente durou só 4 edições, assim tudo que é bom nessa HQ, dura pouco.
As escolhas tomadas são ruins, não todas, mas muita delas.
Em linha gerais, Os Novos X-Men do Grant Morrison e Frank Quitely (quando aparece) é um clássico. Poderia ter sido muito mais do que foi, mas o status de clássico ninguém tira, sofre com excesso de boas ideias que são aproveitadas depois, mas a sua obra em si é sofrido de terminar, porque Magneto nazista foi posto de uma forma tão preguiçosa que me fez querer as outras 40 edições de volta.
Não é um clássico pela sua qualidade, mas por sua importância para história do gênero, tanto quadrinhos como X-Men.
Na verdade, depois de todo anteposto, até difícil de definir se essa obra é boa ou ruim. Ela não pode ser chamada de ruim porque é mega importante para história dos mutantes e tem ideias incríveis que contribuíram muito para os quadrinhos; Porém, é uma obra bagunçada, sem coesão interna em alguns pontos e tem o pior final possível, de todos os cenários, esse era o pesadelo do pessimista.
A questão é nem se você deveria ler ou não, você vai ler um dia sim, isso se for realmente fã dos X-Men e poder formar a sua própria opinião negativa sobre. Apesar das falhas, os Novos X-Men não podem ser ignorados, com todas as suas nuances a obra ainda vale a pena conhecer (até porque não há opção em relação a isso)
O Fera me agrada bastante nesse quadrinhos |
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